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Evo Morales corre o risco de ser derrotado nas eleições de 2019

As pesquisas eleitorais mostram que Evo Morales e Carlos Mesa estão empatados e no segundo turno, seu adversário venceria as eleições na Bolívia

O ex-presidente Carlos Mesa (2003-2005), ainda não oficializou sua candidatura (Spencer Platt/Getty Images)

O ex-presidente Carlos Mesa (2003-2005), ainda não oficializou sua candidatura (Spencer Platt/Getty Images)

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AFP

Publicado em 31 de julho de 2018 às 11h42.

Pela primeira vez desde que chegou ao poder em 2006, o presidente boliviano de esquerda Evo Morales corre o risco de não ser reeleito em 2019.

Uma pesquisa publicada no fim de semana revelou que Morales, que venceu três eleições presidenciais consecutivas e busca um quarto mandato em 2019, está empatado nas intenções de voto com o ex-presidente Carlos Mesa, porta-voz da queixa marítima contra o Chile na Corte de Haia.

O presidente de esquerda tem 27% das intenções de voto frente aos 25% de Mesa. No entanto, como a diferença de dois pontos é inferior à margem de erro, na prática os dois estão tecnicamente empatados.

A pesquisa elaborada pela consultoria Mercados y Muestras, e publicada no jornal Página Siete, conclui que, nas eleições de 2019, será necessário um segundo turno no qual Mesa conquistaria 48% frente aos 32% de Morales.

"Evo Morales agora pode ser derrotado", declarou à AFP o ex-parlamentar e advogado constitucionalista Carlos Borth, apesar de advertir que "ainda não está derrotado", pois falta mais de um ano para as eleições.

"As pesquisas ratificam uma tendência de perda de popularidade do presidente Morales e uma tendência na cidadania que aponta para uma necessidade de produzir uma mudança de governo", explicou o analista político Carlos Cordero à AFP.

Mesa não lançou sua candidatura, mas denunciou que um julgamento contra ele, solicitado pelo MP devido ao prejuízo causado à Bolívia pela reversão de concessões de mineração a uma empresa chilena, visa a sujar sua imagem e prejudicá-lo politicamente.

Pela anulação das concessões, a Bolívia teve de pagar em junho passado uma indenização de 42,6 milhões de dólares à companhia chilena, cumprindo uma decisão do CIADI, o tribunal de arbitragem do Banco Mundial.

Por se tratar de um ex-presidente, o julgamento contra Mesa deve ser aprovado pelo Parlamento, controlado pelo governo. O caso poderá ir a plenário no próximo ano.

O ex-presidente (2003-2005), de 66 anos, defendeu seu direito de "fazer política como e quando quiser", mas sem mencionar uma eventual candidatura.

Mesa afirma que o governo pretende antecipar o início da campanha eleitoral para desviar a atenção do referendo de fevereiro de 2016, no qual os bolivianos rejeitam uma nova candidatura de Morales para o período 2020-2025.

Jornalista e historiador, Mesa é visto pela oposição e plataformas cidadãs como o único que pode derrota Morales, de 59 anos, um aliado da Venezuela e de Cuba e de discurso duro contra os Estados Unidos.

A pesquisa parece confirmar esta possibilidade.

Morales, primeiro presidente indígena da Bolívia, chegou ao poder em 2006 com 54% dos votos. Revalidou seu mandato duas vezes (2009 e 2014) com similares votações, superando amplamente seus adversários.

Apesar de a Carta Magna proibir uma nova candidatura do presidente, ele conseguiu, em 2017, sinal verde do Tribunal Constitucional, com o polêmico argumento de que deixá-lo de fora da disputa eleitoral de 2019 iria ferir seus direitos humanos.

O analista Cordero assinalou que, além das das objeções constitucionais contra Morales, sua popularidade se desgastou nos últimos anos por denúncias de corrupção contra funcionários de seu governo.

Manipulação

O governo criticou esta semana as pesquisas eleitorais, por meio da ministra da Comunicação, Gisela López, e do vice-ministro de Coordenação presidencial, Arturo Alessandri.

"A pesquisa é um instrumento que os políticos usam, por intermédio de seus meios de comunicação, para manipular ou tentar manipular a intenção de voto do povo", afirmou López.

"Vemos Mesa como um candidato a mais", acrescentou a ministra, enquanto que Alessandri assinalou que a pesquisa publicada pelo Página Siete tem contradições técnicas.

O governo atribuiu várias vezes motivações políticas ao jornal, mas a publicação nega. Além disso, o governo assegura que apenas Morales pode garantir a estabilidade econômica e política do país.

O governo boliviano também espera que o Tribunal de Haia dite sua decisão nos próximos meses sobre o processo marítimo aberto contra o Chile.

Se a decisão for favorável a La Paz, isso dará um fôlego para Morales disputar em melhores condições um quarto mandato consecutivo.

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