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Evite flertar para não ser estuprada, diz polícia húngara

Autoridades húngaras lançaram um manual contra o estupro que carrega a mensagem de que este tipo de violência é consequência do comportamento da vítima

Campanha contra o estupro produzida pela polícia húngara: conteúdo da iniciativa deixa a mensagem de que a culpa por este tipo de violência é da vítima (Reprodução/YouTube)

Campanha contra o estupro produzida pela polícia húngara: conteúdo da iniciativa deixa a mensagem de que a culpa por este tipo de violência é da vítima (Reprodução/YouTube)

Gabriela Ruic

Gabriela Ruic

Publicado em 28 de novembro de 2014 às 13h45.

São Paulo – A polícia da Hungria lançou há alguns dias um polêmico manual contra o estupro e que está sendo criticado por deixar a mensagem de que este tipo de violência é consequência do comportamento das mulheres.

Para deixar a situação ainda pior, este manual foi acompanhado de um vídeo. Com pouco mais de 3 minutos de duração, ele conta a história de um grupo de meninas e começa com elas se arrumando para sair. Vestindo roupas provocantes, as jovens consomem álcool e tiram selfies.

Já em uma casa noturna, elas aparentam estar alcoolizadas, mas seguem bebendo. As jovens dançam, dão risada e se aproximam de dois garotos, com quem flertam pelo resto da noite.

Enquanto tudo isso acontece, cada uma delas tem uma espécie de visão na qual uma moça com a maquiagem borrada e as roupas rasgadas aparece. São sinais de que ela foi violentada. Ao fim do vídeo, é exatamente isto que acontece com uma das meninas.

Para prevenir este tipo de ato, a forma como as mulheres se manifestam desempenha um grande papel. O flerte pode, com frequência, desencadear a violência, informou a polícia em um comunicado divulgado pela rede de notícias CNN. As autoridades consideraram ainda que paquerar um homem e rejeitá-lo depois pode deixá-lo com raiva.

A resposta negativa em relação ao conteúdo da campanha aconteceu quase que imediatamente após a sua primeira divulgação. Um grupo húngaro que luta pelo direito das mulheres declarou estar em choque com a falta profissionalismo das forças policiais ao lançar um manual que culpa as vítimas.

Igualdade de gênero na Hungria

Um estudo recente divulgado pelo Fórum Econômico Mundial revelou que a Hungria ocupa a 93ª posição no ranking de países que mais tratam homens e mulheres como iguais. Em 2010, os húngaros estavam no 79º lugar.

É verdade que o número de países avaliados pela pesquisa saltou de 115 para 142 neste mesmo período. Mesmo assim, a queda da Hungria na classificação geral desta lista pode ser vista como um sinal de que a situação do público feminino no país não está melhorando.

Veja abaixo o vídeo da campanha. 

//www.youtube.com/embed/qrhb_KXWXXo?rel=0&showinfo=0

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