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Europeus tentam salvar acordo nuclear com Irã após saída dos EUA

Saída dos EUA ainda pode fortalecer a linha-dura do regime iraniano à custa dos reformistas de sua arena política

Irã: países europeus se empenhavam nesta quarta-feira em tentar salvar o acordo nuclear internacional com o Irã (Jonathan Ernst/Reuters)

Irã: países europeus se empenhavam nesta quarta-feira em tentar salvar o acordo nuclear internacional com o Irã (Jonathan Ernst/Reuters)

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Reuters

Publicado em 9 de maio de 2018 às 09h03.

Última atualização em 9 de maio de 2018 às 10h19.

Washington/Paris - Países europeus se empenhavam nesta quarta-feira em tentar salvar o acordo nuclear internacional com o Irã depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, retirou seu país do pacto histórico, e Teerã expressou desprezo pelo líder norte-americano.

"O acordo não está morto. Existe uma saída norte-americana do acordo, mas o acordo ainda está de pé", disse o ministro das Relações Exteriores francês, Jean-Yves Le Drian.

O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, que sempre foi relutante em seu apoio ao acordo e continuava desconfiado de Washington, acusou Trump de mentir, dizendo: "Senhor Trump, digo a você em nome do povo iraniano: você cometeu um erro".

O presidente da França, Emmanuel Macron, deve conversar mais tarde nesta quarta-feira com o presidente iraniano, Hassan Rouhani, informou Le Drian. Teerã também sinalizou sua disposição para conversar.

Trump anunciou na terça-feira que vai retomar sanções econômicas contra o Irã para minar o que classificou como "um acordo horrível e unilateral que nunca, nunca deveria ter sido feito".

O pacto de 2015, negociado pelos EUA, cinco potências mundiais e o Irã, suspendeu sanções impostas a Teerã em troca da limitação de seu programa nuclear. Fruto de mais de uma década de diplomacia, o entendimento foi concebido para impedir os iranianos de obterem uma bomba nuclear.

Trump criticou o acordo, a principal conquista de política externa de seu antecessor Barack Obama, pelo fato de não abordar a questão dos mísseis balísticos do Irã, suas atividades nucleares depois de 2025 e seu papel nos conflitos da Síria e do Iêmen.

A decisão eleva o risco de um aprofundamento nos conflitos no Oriente Médio, cria atrito entre os EUA e interesses diplomáticos e empresariais europeus e provoca incerteza a respeito dos suprimentos globais de petróleo. Os preços do petróleo subiram mais de 2 por cento nesta quarta-feira, e o Brent teve sua maior alta em três anos e meio.

A saída dos EUA ainda pode fortalecer a linha-dura do regime iraniano à custa dos reformistas de sua arena política.

Le Drian disse que o Irã está honrando seus compromissos com o pacto.

"A região merece mais do que uma nova desestabilização provocada pela retirada americana. Por isso queremos aderir a ele e levar o Irã a fazê-lo também, fazer com que o Irã se comporte com moderação", disse ele à rádio francesa RTL.

A União Europeia disse que continuará comprometida com o acordo e que fará com que as sanções impostas ao regime continuem suspensas contanto que Teerã cumpra seus compromissos.

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