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Europa tenta manter liderança do FMI frente ao interesse dos emergentes

Continente é o principal contribuinte do fundo e há uma tradição de conceder a liderança do organismo aos europeus

Cotada para assumir o cargo, a ministra francesa Christine Lagarde seria a primeira mulher a liderar o FMI (Mehdi Fedouach/AFP)

Cotada para assumir o cargo, a ministra francesa Christine Lagarde seria a primeira mulher a liderar o FMI (Mehdi Fedouach/AFP)

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Da Redação

Publicado em 19 de maio de 2011 às 12h08.

Bruxelas - A UE, decidida a tentar manter um europeu à frente do FMI após a renúncia de Dominique Strauss-Kahn, trabalha em uma candidatura da ministra francesa Christine Lagarde, embora a lista de potenciais sucessores seja longa, com um interesse crescente dos países emergentes.

"Temos que apresentar um candidato europeu", afirmou nesta quinta-feira a chanceler alemã Angela Merkel, pouco depois da renúncia de Strauss-Kahn, preso em Nova York acusado de ter tentado violentar uma camareira do hotel onde estava hospedado.

A Europa é o principal contribuinte do Fundo Monetário Internacional (FMI), e há uma tradição de conceder a liderança do organismo, com sede em Washington, aos europeus, enquanto o Banco Mundial é reservado aos americanos.

Mas a emergência de novas potências no tabuleiro mundial pode mudar as regras do jogo. Vários países, como Brasil, China, Argentina e México, têm criticado a atribuição automática do posto para um europeu.

"Já passou o tempo em que poderia ser remotamente apropriado reservar este importante cargo a um europeu", considerou o ministro brasileiro da Fazenda, Guido Mantega, em uma carta enviada ao G20.

O México, por sua vez, pediu que o próximo diretor do FMI seja nomeado em função de seus méritos, e não de sua nacionalidade. Segundo a imprensa, o país pode apresentar dois candidatos: o ex-presidente Ernesto Zedillo e o governador do Banco Central, Agustín Carstens.

O turco Kemal Dervis, ex-ministro das Finanças, também surge como possível candidato dos países emergentes.

Mas os europeus já trabalham com o nome da ministra francesa das Finanças, Christine Lagarde, de 55 anos.

É "natural" que os europeus indiquem "um candidato forte e competente", segundo o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso.

Nos bastidores, Lagarde é citada com cada vez mais frequência, recebendo o importante apoio de Berlim, segundo a imprensa alemã.

"Viva a Europa!", afirmou misteriosamente nesta quinta-feira Lagarde ao ser consultada sobre suas aspirações.

"Toda candidatura" deve ser fruto do consenso entre os europeus, defendeu a ministra das Finanças, no posto desde 2007, considerada um dos pesos pesados do governo do conservador Nicolas Sarkozy.

Lagarde é "uma candidata evidente", admitiu seu colega sueco, Anders Borg, mencionando a "influência e a experiência" da ministra.

"Tem uma reputação sólida dentro e fora da Europa", destacaram fontes diplomáticas europeias.


Alguns países também veem com bons olhos a possibilidade de, pela primeira vez desde sua fundação, em 1946, uma mulher assumir a liderança da instituição financeira.

"Há uma escassa presença (feminina) nos postos de responsabilidade" das organizações internacionais, lembrou esta semana a ministra espanhola da Economia, Elena Salgado.

A possível abertura de uma investigação em um caso de suposto abuso de poder na França pode, por outro lado, comprometer as aspirações de Lagarde.

Os europeus já estariam pensando em outro nome: o do também francês Jean-Claude Trichet, atual presidente do Banco Central Europeu.

Seria "um candidato fantástico", declarou o diretor do Banco Central holandês, Nout Wellink.

Por enquanto, o FMI se nega a dar detalhes sobre um calendário de substituição de Strauss-Kahn, que dirigia a instituição desde 2007 e desempenhou no ano passado um papel-chave nos resgates financeiros dos países da Zona do Euro.

"O Fundo informará em breve sobre o processo de seleção. Enquanto isso, (o número dois) John Lipsky continua sendo o diretor geral interino", indicou em um comunicado.

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