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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h42.
Madri - Durante a entrega do Prêmio Nueva Economia Fórum, um grupo espanhol de debate político independente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que a Europa deveria aprender com o Brasil a como sair da crise. E afirmou que quem segurou a crise no país foi a parcela mais pobre da população, que atendeu ao apelo para consumir com responsabilidade. "Essa foi uma lição que deveria servir para a Europa", disse, dirigindo-se ao presidente da Comissão Europeia, Luis Manuel Durão Barroso.
Lula recebeu o prêmio no final da VI Cúpula América Latina e Caribe - União Européia, em Madrid, por seus esforços no combate à fome e à pobreza, além do destaque no cenário internacional. O prêmio foi entregue pela vice-presidente do governo da Espanha, María Teresa Fernández de la Vega.
O presidente brasileiro também fez um balanço positivo de seu governo. "Nunca os empresários brasileiros ou estrangeiros ganharam tanto dinheiro quanto no meu governo." Ele acrescentou que sai [do governo] de consciência tranquila, porque os trabalhadores também tiveram grandes quantidades de reajuste salarial. "Quero que as empresas ganhem, os trabalhadores ganhem, porque assim a gente fortalece a democracia."
Ao analisar os quase oito anos de mandato, Lula afirmou que sai do governo com mais do que pesquisas de opinião pública favoráveis. Ele disse também deixa como legado a certeza que qualquer pessoa pode chegar ao posto mais alto do país.
"O legado que estou deixando é que despertei no mais humilde dos brasileiros - um catador de papel, um metalúrgico, um gráfico, um pedreiro - a consciência que ele pode e deve chegar à Presidência da República. É só querer e se preparar", afirmou. "Muito mais do que curso de doutor, as pessoas têm que ter curso de inteligência e sensibilidade para bem dirigir o seu país."
O discurso de Lula também teve tom de despedida da Espanha, já que esta pode ser a última vez que ele visita o país como presidente da República. Descontraído, o presidente disse que vai torcer para uma final entre Brasil ou Argentina com a Espanha na Copa do Mundo da África do Sul. "Estaríamos fazendo a integração definitiva da União Europeia com o Mercosul", brincou.
O presidente também destacou que um dos assuntos complexos que as duas regiões têm pela frente é a questão da imigração. "É um teste para a construção de nossas posições comuns."
Em seu discurso, Lula lembrou ainda que foi ao Irã para negociar o acordo sobre o uso de energia nuclear porque acredita no diálogo. "Por isso, fui até o Irã, porque acredito que é conversando que a gente se entende."
O presidente fica em Madri até amanhã (19). Pela manhã, ele tem encontro com o grupo Prisa, do jornal El País, e depois participa do Seminário Brasil: Parceria para uma Nova Economia Global. Às 16h, está prevista a partida de Lula para Lisboa, onde se encontra com o presidente de Portugal, Cavaco Silva, e também participa da 10ª Cimeira Luso-Brasileira.