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Europa preocupada após contágio de ebola na Espanha

Temores de uma propagação do vírus levou Bruxelas a pedir explicações ao governo espanhol

Ambulância leva enfermeira: ela foi infectada após tratar missionários repatriados com ebola (Reuters TV/Reuters)

Ambulância leva enfermeira: ela foi infectada após tratar missionários repatriados com ebola (Reuters TV/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 7 de outubro de 2014 às 18h44.

A infecção por ebola de uma auxiliar de enfermagem na Espanha, primeiro caso de contágio fora da África, provocava nesta terça-feira temores de uma propagação do vírus e levou Bruxelas a pedir explicações ao governo espanhol.

Apesar de ter tomado todas as medidas de segurança anunciadas, uma técnica de enfermagem foi infectada depois de tratar em um hospital de Madri dois missionários repatriados com ebola da Libéria e de Serra Leoa, e falecidos respectivamente nos dias 12 de agosto de 25 de setembro.

A mulher - Teresa, de 44 anos, segundo a imprensa - foi transferida durante a noite ao mesmo Hospital La Paz-Carlos III onde os religiosos estiveram internados.

"Falei com ela esta manhã e me disse que parece que está melhor", contou a mãe da enfermeira ao jornal La Voz de Galicia.

Outras três pessoas foram hospitalizadas ali: seu marido, que apresentava um alto risco de contágio devido à sua proximidade; um engenheiro espanhol que chegou da Nigéria, e uma enfermeira do La Paz, que não teve febre, apenas diarreia, e que teve resultado negativo para os exames feitos para detectar a presença do ebola.

Enquanto isso, as autoridades realizavam uma corrida contra o relógio para localizar as pessoas que mantiveram contato com a mulher, casada e sem filhos, que estava de férias desde 26 de setembro. No total, 52 pessoas já foram colocadas sob vigilância.

"Foi possível conversar com a paciente e também com toda a equipe de saúde que a atendeu, com seu marido, com todas as pessoas que a rodeavam e que podem ajudar a fazer uma lista ampla, podemos dizer até exagerada de todas as pessoas que podem ter tido um contato mínimo com ela", disse Fernando Simón, coordenador do centro de Alertas e Emergências do Ministério da Saúde à rádio privada Cadena Ser.

"Todas essas pessoas serão colocadas em observação", acrescentou, lembrando que a possibilidade de contágio existe.

Com seus uniformes de trabalho brancos ou verdes, grupos de profissionais se manifestaram em frente aos hospitais de La Paz, Carlos III e Alcorcón. "Ana Mato, renúncia!", gritavam em referência à ministra da Saúde.

Esforçando-se para enviar uma mensagem tranquilizadora, as autoridades abriram uma linha de telefone e um e-mail para esclarecer as dúvidas da população.

O que falhou?

Os países membros da UE estabeleceram procedimentos coordenados para prevenir a entrada do vírus em seu território, de 507 milhões de habitantes.

"Houve evidentemente um problema em algum momento", considerou Frederic Vincent, porta-voz da Comissão Europeia, que pediu ao ministério da Saúde espanhol que esclareça o ocorrido.

Apesar disso, não há inquietação em Bruxelas, afirmou, garantindo que a propagação do vírus "na Europa continua sendo uma hipótese altamente improvável".

O caso espanhol não levou ao cancelamento do plano de repatriação de uma médica norueguesa da ONG Médicos Sem Fronteiras infectada pelo ebola em Serra Leoa e que chegou nesta terça-feira a Oslo.

No entanto, em todo o continente as bolsas sofreram fortes perdas, sobretudo nos papéis de companhias aéreas (Lufthansa, -5,16%) e no turismo, um dos pilares da economia espanhola (11% do PIB).

A União Europeia vai enviar três aviões com material médico a Serra Leoa, Libéria e Guiné, ao mesmo tempo em que tem previsto criar um sistema de evacuação médica para repatriar o pessoal estrangeiro infectado.

O caso espanhol tampouco impediu o plano de repatriação de uma médica norueguesa da organização Médicos sem Fronteiras, infectada pelo ebola em Serra Leoa, e que chegou a Oslo nesta terça-feira.

Segundo seu marido, contatado pelo jornal El Mundo, a auxiliar de enfermagem espanhola, que havia se apresentado como voluntária para tratar o segundo missionário, fez tudo o que disseram a ela.

Na opinião do sindicato de enfermeiros espanhóis, as medidas de segurança foram ineficazes durante a hospitalização dos religiosos.

"Houve algumas falhas que denunciamos com o primeiro caso", explicou à AFP Charly Manuel Torres, porta-voz do sindicato CSIF.

"Uma das falhas que foi vista é que continuam sem ministrar cursos, sem passar o protocolo de atuação às pessoas novas", acrescentou.

Apelo de Obama

Segundo o último balanço da Organização Mundial da Saúde (OMS), a febre hemorrágica do ebola deixou 3.439 mortos na África ocidental de 7.478 casos registrados em cinco países: Serra Leoa, Guiné, Libéria, Nigéria e Senegal.

Também foi registrado um pequeno surto na República Democrática do Congo e na segunda-feira apareceu uma doença aparentada, a febre Marburg, em Uganda, com um morto e oito casos suspeitos.

Foi nos Estados Unidos onde foi registrado o primeiro caso diagnosticado fora da África, na semana passada, mas o contágio ocorreu na Libéria, antes de o paciente viajar para o Texas.

O presidente americano, Barack Obama, ressaltou na segunda-feira que os riscos de epidemia de ebola nos Estados Unidos são muito fracos, garantindo que a qualidade do sistema de saúde é capaz de controlar sua propagação.

Considerou, no entanto, que diante do avanço da epidemia na África Ocidental a resposta da comunidade internacional está sendo insuficiente e anunciou que pressionará seus colegas para que se envolvam mais nesta luta.

"Se a epidemia não for controlada, pode ter consequências muito mais amplas" na economia mundial, advertiu.

O Reino Unido vai enviar uma centena de soldados a Serra Leoa para ajudar a combater a epidemia de ebola no país africano, enquanto os Estados Unidos enviaram até agora 350 soldados ao Senegal e à Libéria, com o mesmo objetivo.

A União Africana (UA) já havia exigido antes mais meios contra o vírus.

Os países africanos mais afetados por esta epidemia de febre hemorrágica "não têm equipes de saúde suficientes e uma parte sucumbiu à doença", declarou a presidente sul-africana da Comissão da UA, Nkosazana Dlamini-Zuma.

A África subsaariana conservará um crescimento robusto de 5,1% em média neste ano e de 5,8% em 2015, indicou o Fundo Monetário Internacional nesta terça-feira, embora tenha ressaltado o impacto da epidemia na economia dos países africanos mais afetados.

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