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Europa entra em contagem regressiva para calote e corrida bancária, diz estudo

Analistas da Exclusive Analysis apontam que a turbulência terá início entre os dias 23 e 26 deste mês, desencadeada pelo anúncio de moratória da Grécia

Contagem Regressiva para a Europa (Marcel Salim/EXAME.com)

Contagem Regressiva para a Europa (Marcel Salim/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 12 de novembro de 2011 às 14h04.

São Paulo – Se o megainvestidor Jim Rogers afirmou nesta semana que “o mundo está em apuros”, talvez ele esteja certo. Pelo menos na opinião dos analistas da Exclusive Analysis, uma firma britânica de pesquisas com foco em riscos globais. Na visão deles, há 65% de chances de uma crise no setor bancário mundial ocorrer até o final deste mês.

A pesquisa (veja o documento na íntegra) considerou diferentes cenários para avaliar as probabilidades de uma nova turbulência, desta vez emergindo na Europa e não nos Estados Unidos, conforme ocorreu em 2008.

Os especialistas liderados por Ade Onitolo, diretor de política de risco da Exclusive Analysis, concluíram que a crise terá início entre os dias 23 e 26 de novembro desencadeada por um calote da Grécia e, posteriormente, por uma corrida bancária na Itália.

O levantamento também mostrou que os impasses políticos estão se intensificando cada vez mais na União Europeia (UE), dificultando os líderes na busca por uma solução para a crise de dívida pública na região.

Os efeitos do pânico

No pior – e mais provável – dos cenários, a Exclusive Analysis prevê que os Estados Unidos e o Reino Unido, junto com os BRICs (Brasil, Rússia, China e Índia), se recusam a usar fundos do Fundo Monetário Internacional (FMI) para socorrer os países da Europa, levando a Grécia a cometer calote e abandonar a Zona do Euro para poder “imprimir dinheiro”.

O que deve acontecer até 17 de novembro:

- A Grécia entra em colapso por conta da falta de consenso dos parlamentares em encontrar uma solução para resolver o problema de dívida pública do país;
- Na Alemanha, cresce a oposição ao Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (EFSF, na sigla em inglês), com os políticos reduzindo os recursos que serão enviados ao fundo;
- Cresce a oposição entre Estados Unidos e o Reino Unido para que o FMI amplie o socorro para a Europa, impedindo o organismo internacional de elevar a ajuda financeira ao EFSF;


- Entre os BRICs, Brasil e China se negam a ceder ajuda direta através do EFSF, exceto por meio do Fundo Monetário Internacional (FMI);
- O EFSF recorre à ajuda do Banco Central Europeu (BCE) que, por sua vez, se recusa a “imprimir mais dinheiro” para socorrer os PIIGS (Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha);
- Diante do fracasso do EFSF, os bancos europeus se recusam a aceitar o corte de 50% na dívida da Grécia. O FMI e o BCE suspendem assim os pagamentos para a Grécia.

O que deve acontecer entre 18 e 22 de novembro:

- Os líderes da Grécia (George Papandreou) e da Itália (Sílvio Berlusconi) perdem o poder, principalmente por conta dos opositores que se negam a aprovar os planos de austeridade, ocasionando assim instabilidade política nos dois países. Esse item do relatório aconteceu antes do previsto (veja na próxima página);
- Na Espanha, passado o período de eleições, novas medidas de austeridade são anunciadas, ampliando os protestos da população;
- Portugal anuncia que não será capaz de cumprir as metas fiscais, comprometendo o pagamento da ajuda recebida pelo FMI e pelo BCE;
- Cresce o medo de que estas economias vão cometer calote, criando uma corrida bancária na Grécia e em Portugal, além de um rebaixamento no rating da dívida pública da França de AAA para AA;
- Os spreads aplicados à dívida dos PIGGs aumentam, com a rentabilidade dos bônus italianos ficando em 7,3%;
- Em um segundo momento do contágio, os clientes de bancos na Espanha e na Itália sentem a crise internamente, correndo às agências bancárias para sacar todo o capital que possuem em instituições financeiras.
- O mercado de crédito interbancário na Espanha e na Itália entra em colapso na medida em que cada banco reconhece que seus rivais também estão em crise;

O que deve acontecer entre 23 e 26 de novembro:

- A Grécia comete calote e não honra seus compromissos com os credores;
- O país europeu abandona a Zona do Euro para poder “imprimir moeda” e resgatar o setor bancário local;
- A divisa grega se desvaloriza rapidamente e os clientes de bancos veem seus investimentos caírem fortemente, já que são convertidos na nova moeda;
- O calote da Grécia, associado ao fato dos bancos locais não honrarem seus compromissos com credores internacionais, gera uma crise bancária na Europa;
- A rentabilidade dos bônus italianos aumenta ainda mais e uma corrida bancária atinge o país;
- O governo italiano congela os depósitos bancários e comete calote no pagamento de suas dívidas.


O estudo da Exclusive Analysis apontam alguns fatores que já ocorreram ou que ainda persistem e que elevam a probabilidade deste primeiro cenário ocorrer:

- Os BRICs já anunciaram que irão somente conceder ajuda aos países europeus por meio das garantias do FMI, não aplicando recursos no EFSF;
- A saída de George Papandreou no comando da Grécia e a provável queda de Silvio Berlusconi na Itália;
- O fracasso de governos em repagar empréstimos bancários leva a falência algumas instituições financeiras na Grécia e na Itália, na medida em que é congelado o mercado de crédito interbancário;
- A Grécia já deu sinais de que pode abandonar o euro para “imprimir moeda”;
- A rentabilidade dos bônus da Itália já ultrapassaram 7%.

Outros capítulos

Os outros dois cenários traçados pela Exclusive Analysis para a Europa, com 25% e 10% de chances de ocorrer, respectivamente, consideram o fato de que novos líderes na Grécia, Itália e Espanha abrirão espaço para a busca de novas soluções para a crise de dívida pública, elevando o diálogo após a redução dos protestos e das manifestações nas ruas destes países.

A Grécia comete calote, mas consegue reduzir em 70% sua dívida com credores. O contágio da crise é contido, evitando a propagação para as demais economias da Europa. O país europeu abandona a Zona do Euro. A Itália e a Espanha recorrem à ajuda do FMI.

Ainda no cenário menos provável (10%), França e Alemanha conseguem ampliar a ajuda ao EFSF, que contará com o apoio e suporte de Mario Draghi, novo presidente do BCE. As condições de mercado melhoram e o rendimento dos bônus dos PIIGS diminui.


Confira na íntegra o estudo da Exclusive Analysis:

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