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Europa adverte Suíça de consequências após referendo

Segundo funcionários europeus, país poderia perder seu acesso privilegiado ao mercado único da Europa depois de decisão sobre imigração


	Placa na fronteira entre França e Suíça, perto de Genebra: eleitores aprovaram em uma votação apertada a proposta para restringir a imigração de cidadãos da União Europeia
 (Denis Balibouse/Reuters)

Placa na fronteira entre França e Suíça, perto de Genebra: eleitores aprovaram em uma votação apertada a proposta para restringir a imigração de cidadãos da União Europeia (Denis Balibouse/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 10 de fevereiro de 2014 às 16h24.

Zurique/Bruxelas - A Suíça poderia perder seu acesso privilegiado ao mercado único da Europa, disseram funcionários europeus nesta segunda-feira, depois que eleitores suíços aprovaram em uma votação apertada a proposta para restringir a imigração de cidadãos da União Europeia em um referendo que deixou as relações comerciais em alerta.

A proposta votada no domingo foi promovida pelo Partido do Povo Suíço, de direita, que se aproveitou das preocupações de que a cultura suíça estaria sendo corroída por estrangeiros, que são 25 por cento dos 8 milhões de habitantes do país.

Os limites à imigração foram vigorosamente contestados pela indústria suíça e o governo em Berna, que agora está na desconfortável posição de ter que transformar o resultado do referendo em lei e conter a reação de Bruxelas e de grandes vizinhos, como Alemanha e França.

"A Suíça se prejudicou muito com este resultado", disse o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, a jornalistas na chegada a Bruxelas para uma reunião com seus colegas da UE. "A Suíça tem que perceber que picuinhas com a UE não são uma estratégia de longo prazo", disse.

"Haverá consequências, isso está claro", disse o chanceler de Luxemburgo, Jean Asselborn. "Você não pode ter acesso privilegiado ao mercado interno europeu e, por outro lado, suspender a livre circulação." O ministro das Relações Exteriores irlandês, Eamon Gilmore, considerou o resultado "muito preocupante".

"Eu acho que temos visto em toda a Europa um crescimento do que eu só posso chamar de uma agenda da extrema direita, que é bastante xenófoba", disse ele a jornalistas.


A livre circulação de pessoas e postos de trabalho dentro de suas fronteiras fazem parte de uma das políticas fundamentais da União Europeia, e a Suíça, embora não seja um membro do bloco de 28 nações, tem participado disso sob um pacto com Bruxelas.

Desde 2002, a Suíça e os cidadãos da UE podem atravessar a fronteira livremente e trabalhar em qualquer um dos lados, desde que tenham um contrato ou sejam trabalhadores autônomos.

Autoridades da UE disseram que o tratado de livre mobilidade faz parte de um pacote de sete acordos que não podem vigorar separadamente: se um deles é suspenso, todos perdem a validade.

Os acordos abrangem também a cooperação econômica e tecnológica, contratos públicos, aceitação mútua de diplomas e licenças, comércio agrícola, aviação e tráfego rodoviário e ferroviário.

"Nós simplesmente não podemos aceitar esses tipos de restrições que foram aprovadas ontem (domingo)", disse a porta-voz da Comissão Europeia, Pia Ahrenkilde. "Isto terá claramente implicações para o resto dos acordos que temos com a Suíça." As empresas dizem que a reintrodução das cotas de imigração, aprovada por uma margem de apenas 19.526 eleitores, ameaça a economia suíça que depende da UE para quase um quinto de seus trabalhadores.

Estão na Suíça empresas gigantes de alimentos e bebidas, como Nestlé, as farmacêuticas Novartis e Roche, bem como uma série de grandes negociantes de commodities, como Glencore Xtrata e Louis Dreyfus.

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