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Europa adota medidas de controle contra Ebola em aeroportos

A UE decidiu verificar a eficácia dos controles anti-Ebola nos aeroportos dos três países africanos mais afetados pela epidemia

Homem tem a temperatura aferida em termômetro digital por prevenção contra o vírus ebola no aeroporto internacional de Abuja, na Nigéria (Afolabi Sotunde/Reuters)

Homem tem a temperatura aferida em termômetro digital por prevenção contra o vírus ebola no aeroporto internacional de Abuja, na Nigéria (Afolabi Sotunde/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 17 de outubro de 2014 às 07h48.

Genebra - A União Europeia (UE) decidiu verificar a eficácia dos controles anti-Ebola nos aeroportos dos três países africanos mais afetados pela epidemia, que já fez quase 4.500 mortos e constitui "uma ameaça para a paz", segundo o Conselho de Segurança da ONU.

As verificações acontecerão em cooperação com a Organização Mundial de Saúde (OMS), com o objetivo de reforçar as medidas, em caso de necessidade, e permitir um melhor acompanhamento na UE de possíveis infectados pelo vírus - anunciou o comissário europeu da Saúde, Tonio Borg.

Não há consenso, porém, sobre as medidas de controle a serem implementadas nos pontos de entrada na Europa, como Londres e Paris decidiram instaurar.

O dispositivo estará ativo a partir de sábado, no aeroporto parisiense de Roissy Charles de Gaulle.

A OMS informou que não recomenda os controles implementados nos aeroportos na chegada de passageiros para detectar quaisquer pessoas infectadas na África pelo vírus Ebola.

"Isso pode dar uma falsa sensação de segurança. Aferir a temperatura dos passageiros indicará apenas aqueles que já apresentam sintomas. Esses sintomas podem ser detectados após passar pela Alfândega e entrar no país", explicou a diretora do Departamento de Alerta e Ação da organização de Saúde, Isabelle Nuttall.

Medidas de controle

Em Madri, um passageiro da Air France foi submetido a um exame médico nesta quinta-feira no pouso de um avião da companhia aérea, seguindo o protocolo de emergência para Ebola.

O avião, vindo de Paris, foi conduzido a uma área especial, onde uma equipe médica embarcou para examinar o passageiro, segundo a Agência de Transporte Aéreo espanhola (AENA).

Seis pessoas foram hospitalizadas na Espanha preventivamente, informaram fontes oficiais. Delas, quatro apresentavam sintomas que poderiam ser de Ebola. Uma delas é um missionário que chegou da Libéria e que pertence à mesma ordem que os religiosos espanhóis repatriados com Ebola em agosto e setembro, antes de falecerem em decorrência da doença.

Na França, os primeiros exames de um caso suspeito deram negativo.

Apesar das reservas da OMS, muitos países decidiram reforçar as medidas de controle em suas fronteiras para evitar o contágio.

Medidas adicionais devem ser decretadas nesta quinta em quatro aeroportos americanos: os aeroportos Liberty, em Newark (perto de Nova York); O'Hare, em Chicago; Hartsfield, em Atlanta; e Dulles, em Washington.

As autoridades haitianas anunciaram, por sua vez, a implementação de controles sanitários em suas fronteiras para prevenir o aparecimento da doença no país, que já vive uma epidemia de cólera que matou mais de nove mil haitianos em três anos.

Em Dubai, um turista vindo da Libéria via Marrocos foi colocado em quarentena por sintomas suspeitos.

O Marrocos, um dos poucos países que mantém voos diretos com os países afetados, anunciou um "plano nacional" para "impedir a entrada do vírus" no reino.

Por fim, os líderes dos nove países da Alternativa Bolivariana para as Américas (Alba) vão se reunir na próxima segunda-feira em Havana para se preparar para o eventual aparecimento do Ebola na região - anunciaram autoridades cubanas.

No combate à epidemia, 15 países africanos próximos da área mais afetada pelo Ebola vão receber ajuda da OMS para evitar a propagação da epidemia.

De acordo com o último relatório da OMS, a febre hemorrágica já matou 4.493 pessoas em 8.997 casos registados em sete países (Libéria, Serra Leoa, Guiné, Nigéria, Senegal, Espanha e Estados Unidos).

A OMS teme um aumento no número de infecções, que pode chegar a dez mil novos casos por semana até o final do ano no oeste africano, contra mil atualmente.

"O avanço sem precedentes da epidemia de Ebola no oeste africano representa uma ameaça para a paz e a segurança internacional", reiterou nesta quarta-feira o Conselho de Segurança da ONU, que cobrou de seus países-membros uma maior ajuda financeira e material para os países afetados.

EUA reforçam combate ao Ebola na África

O presidente americano, Barack Obama, autorizou o Pentágono, nesta quinta-feira, a enviar reservistas para a África Ocidental com o objetivo de lutar contra o Ebola, participando na implantação da infraestrutura logística necessária.

Segundo decreto divulgado pela Casa Branca, os reservistas atuarão em operações de ajuda humanitária "vinculadas com a epidemia do Ebola na África Ocidental".

Há um mês, Obama anunciou o envio de três mil militares americanos nesta região para organizar uma resposta contra o vírus que já matou quase 4.500 pessoas, especialmente em Libéria, Serra Leoa e Guiné.

Mais tarde, o Pentágono informou que este número pode chegar a quatro mil homens, devido à evolução da situação no terreno.

Na quarta-feira, o presidente Obama pediu a vários dirigentes europeus um esforço "maior" na luta contra a epidemia do Ebola, relatou o porta-voz da Casa Branca, John Earnest.

Nesta quinta-feira, a presidente da Comissão da União Africana (UA), Nkosazana Dlamini-Zuma, considerou que a África deve mobilizar mais recursos humanos para lutar contra a epidemia que atinge o oeste do continente.

"Quando a comunidade internacional fez suas promessas (de ajuda), poucos países se comprometeram a disponibilizar recursos humanos", lamentou.

"E, no entanto, ainda que a infraestrutura seja construída, necessitaremos de homens, de profissionais de saúde, para trabalhar nos hospitais e nos centros de tratamento", acrescentou.

Na Libéria, a ministra dos Transportes, Angela Cassell-Bush, colocou-se voluntariamente em quarentena após a morte de seu motorista pelo vírus.

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