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Eurocâmara reclama "suspensão imediata" de eleição na Venezuela

Nicolás Maduro, que aspira à reeleição, minimizou a importância de um eventual reconhecimento por parte da UE e dos Estados Unidos

Nicolás Maduro: presidente afirmou que o processo eleitoral será "limpo e modelo" (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)

Nicolás Maduro: presidente afirmou que o processo eleitoral será "limpo e modelo" (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)

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AFP

Publicado em 3 de maio de 2018 às 20h45.

A Eurocâmara pediu, nesta quinta-feira (3), a "suspensão imediata" da eleição presidencial na Venezuela em 20 de maio, ao considerar que não reúne as condições necessárias para eleições "livres, confiáveis, transparentes e inclusivas".

"Nas circunstâncias atuais, o Parlamento Europeu não pode reconhecer as eleições que resultem desse processo ilegítimo", alegam os eurodeputados em uma resolução aprovada por 492 votos a favor, 87 contra e 77 abstenções.

As eleições são rejeitadas pela coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) e por parte da comunidade internacional, incluindo Estados Unidos e União Europeia (UE), por considerar que não oferecem garantias de transparência.

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que aspira à reeleição, minimizou na quarta-feira a importância de um eventual reconhecimento por parte da UE e dos Estados Unidos.

"Que c... me importa, se o nobre povo da Venezuela me reconhece?", afirmou durante um comício.

A chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, pediu na quarta-feira um calendário eleitoral "acordado" e "concreto" na Venezuela para possibilitar eleições "livres e justas".

Em um artigo publicado no jornal espanhol "El País", Maduro afirmou que o processo eleitoral será "limpo e modelo".

Os eurodeputados recordam em sua resolução, estimulada pelas bancadas conservadora e liberal, que apenas reconhecerão eleições "baseadas em um calendário eleitoral viável, acordadas no contexto do diálogo nacional com todos os personagens e partidos relevantes e com condições de participação equitativas".

A Eurocâmara, que em 2017 concedeu o prêmio Sakharov de direitos humanos à oposição venezuelana, pediu ainda a libertação dos presos políticos e uma composição equilibrada do Conselho Nacional Eleitoral.

Mais tarde, o poder eleitoral venezuelano tachou de "ingerência grosseira" o pedido feito pelo Parlamento Europeu.

"Um Parlamento de nações estrangeiras pretender exigir (...) que as instituições se submetam a suas decisões é um despropósito muito grande, é uma ingerência grosseira", declarou a presidente do CNE, Tibisay Lucena, acrescentando que o órgão não acatará o pedido de Bruxelas.

"O poder eleitoral é alheio a todas as decisões que Parlamentos alheios possam tomar", manifestou a responsável. "Não vamos suspender (...) O poder eleitoral não está considerando uma mudança de data", concluiu.

Lucena é alvo de sanções europeias.

Em novembro, os 28 países da UE aprovaram o primeiro pacote de sanções, que consiste em um embargo de armas e de material que poderia ser usado na repressão interna. Em janeiro, as medidas foram ampliadas, com sanções como a proibição de vistos para sete funcionários importantes do governo venezuelano.

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