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Euro não é a única chave para o sucesso do modelo exportador da Alemanha

"Enquanto nação exportadora, a Alemanha se beneficiou especialmente do euro" disse a chanceler Angela Merkel

Cerca de 40% das exportações alemãs são para a zona do euro (Ralph Orlowski/Getty Images)

Cerca de 40% das exportações alemãs são para a zona do euro (Ralph Orlowski/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 26 de dezembro de 2011 às 14h59.

Berlim - A Alemanha teria se aproveitado do euro? A maioria dos especialistas responde que sim, mas destaca que a moeda única não é a razão exclusiva do sucesso do modelo econômico da locomotiva europeia, baseado na exportação.

A primeira a reconhecer os benefícios da moeda europeia é a chefe do governo alemão, Angela Merkel: "Enquanto nação exportadora, a Alemanha se beneficiou especialmente do euro. Isto não vale apenas para as grandes empresas, mas também para as pequenas e médias empresas", destacou em seu último discurso perante os deputados alemães no Bundestag.

Maquinaria, produtos químicos, caminhões, carros... A Alemanha vende a todo o mundo produtos manufaturados de alto valor agregado... E, graças à Eurozona, seu principal mercado, a Alemanha acabou com os seguros de troca de moeda, as provisões para se prevenir contra as perdas pelas desvalorizações.

"Com uma zona monetária unida, tranquila, todas as incertezas sobre as taxas de câmbio desaparecem", constata Henrik Uterwedde, diretor-adjunto do Instituto franco-alemão de Ludwigsburg.

"Cerca de 40% de suas exportações estão destinadas à zona euro e 20% ao resto da União Europeia, onde alguns países possuem moedas ligadas ao euro", como a coroa dinamarquesa ou o lat letão, indica Ferdinand Fichtner, economista em um dos grandes institutos alemães de conjuntura, o DIW de Berlim.

Cerca de três milhões de empregos na Alemanha dependem das exportações em direção à Eurozona e outros 4,4 milhões das exportações para a União Europeia (UE), segundo um estudo do instituto de pesquisa Prognos, publicado recentemente pelo jornal alemão Handelsblatt.

Na Eurozona, o comércio foi estimulado com a chegada da moeda única, ressalta recentemente o gabinete McKinsey, que apontava os dois terços do crescimento alemão na última década à introdução do euro.


Além disso, os países do sul da Eurozona, tradicionalmente mais submetidos à inflação, se beneficiaram de condições de crédito mais vantajosas, graças às taxas de juros únicas fixadas pelo Banco Central Europeu (BCE), impulsionando-os a comprar bens alemães.

Assim como quando o marco alemão formava parte das moedas refúgio, como atualmente é o franco suíço, o euro é também menos suscetível de se valorizar com força no mercado de divisas. "Consequentemente, os produtos exportados se beneficiam de vantagens competitivas", considera Frank Mattern, diretor de McKinsey Alemanha.

No entanto, a economia alemã não deve seu sucesso apenas ao euro. A prova é o comentário recente do presidente da federação de exportadores alemães Anton Borner: "Se há uma vida para a Alemanha depois do euro? Sim, há uma".

No mesmo sentido, o instituto IFO, com sede em Munique, relativiza regularmente o interesse do euro pela primeira economia do continente.

Para esta instituição, a Alemanha, que não dispõe de um salário mínimo por lei, teria se aproveitado sobretudo de seus esforços para conter os salários.

Durante anos, os sindicatos aceitaram a moderação salarial para preservar empregos, especialmente aqueles ameaçados pela deslocalização de empresas.

As reformas do governo do socialdemocrata Gerhard Schröder, aplicadas em 2003 para conter o desemprego, que naquele momento afetava 9% da população economicamente ativa, relançaram a competitividade de um país que era então considerado o doente da Europa.

Atrasando progressivamente a idade de aposentadoria, reduzindo o seguro-desemprego e diminuindo as contribuições para a segurança social, a Alemanha moderou seus custos e superou seus vizinhos que não aplicaram no momento certo a mesma poção amarga.

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