É preciso aceitar mercados "muito mais abertos" nos setores agrícola, industrial e de serviços, diz Obama (Justin Sullivan/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 2 de março de 2011 às 00h17.
Washington - Quase uma década de discussões para a aprovação de uma nova ordem comercial global corre o risco de ser jogada fora se grandes países em desenvolvimento como China, Brasil e Índia não fizerem mais concessões na abertura de seus mercados, disse o governo norte-americano na terça-feira.
"Para que essas discussões continuem relevantes, elas devem tratar do mundo tal qual ele é e será nas próximas décadas", disse o escritório de representação comercial dos EUA em um relatório anual. "As regras globais de comércio precisam ser atualizadas para refletir a ascensão das potências econômicas emergentes."
A chamada Rodada de Doha do comércio global foi lançada em 2001 com a meta de liberalizar o comércio global. Mas desde o começo as negociações esbarram em divergência entre países ricos e pobres, principalmente a respeito da redução de tarifas e subsídios agrícolas por parte dos EUA e União Europeia, e da abertura de mercados industriais nas grandes nações emergentes.
Neste ano, os principais negociadores estabeleceram uma nova meta de concluir os trabalhos até o fim de 2011. Mas recentemente o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio, Pascal Lamy, alertou que o ritmo das negociações está lento demais para que o prazo seja cumprido.
O governo do presidente Barack Obama prometeu na segunda-feira "intensificar seus esforços" para concluir a Rodada de Doha neste ano, e disse que para isso seria preciso aceitar mercados "muito mais abertos" nos setores agrícola, industrial e de serviços.
Os Estados Unidos, lutando para gerar crescimento econômico e empregos, argumentaram no relatório que o mundo hoje é um lugar muito diferente do que quando a Rodada de Doha começou.
"O notável crescimento de economias emergentes como China, Índia e Brasil alterou fundamentalmente a paisagem, e projeta-se que seu crescimento continue nos próximos anos", disse o escritório de representação comercial dos EUA.
"Numa negociação em que os Estados Unidos estão sendo convidados a cortar significativamente as tarifas sobre todos os produtos industriais e agrícolas, estamos pedindo a essas economias emergentes que aceitem uma responsabilidade proporcional aos seus papéis expandidos na economia global", afirmou o texto.