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EUA teme incursão terrestre de Israel no Líbano após ataques a pagers e walkie-talkies do Hezbollah

Autoridades do Pentágono afirmam que explosões podem ser a preparação para um conflito mais amplo, capaz de arrastar os EUA e o Irã para a guerra

Combatentes do Hezbollah em funeral de membros mortos durante ataque a dispositivos eletrônicos no Líbano  (Mahmoud ZAYYAT/AFP)

Combatentes do Hezbollah em funeral de membros mortos durante ataque a dispositivos eletrônicos no Líbano (Mahmoud ZAYYAT/AFP)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 19 de setembro de 2024 às 15h34.

Última atualização em 19 de setembro de 2024 às 15h36.

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A série de explosões de pagers e walkie-talkies usados pelo movimento xiita Hezbollah nos últimos dois dias no Líbano, atribuídos a Israel, acendeu o alerta do Pentágono de que os ataques podem ser o prelúdio de uma ampla incursão terrestre ao sul do país, segundo autoridades americanas ouvidas sob anonimato pelo jornal Wall Street Journal.

Tal movimento representaria uma escalada da guerra iniciada na Faixa de Gaza em 7 de outubro após o ataque terrorista do Hamas, que assim como a milícia libanesa integra o Eixo de Resistência financiado pelo Irã.

Os temores surgem no momento em que o ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, anunciou na quarta-feira que o "centro de gravidade" do conflito se deslocaria para o norte, em referência à fronteira do país com o Líbano. Sem reivindicar a operação no Líbano, Gallant acrescentou que tropas estavam sendo destacadas para a região, iniciando uma "nova fase da guerra".

Antes da série de ataques a dispositivos de comunicação analógicos utilizados pelo Hezbollah, o Estado judeu havia incluído um novo objetivo de guerra em sua lista: promover o retorno dos milhares de israelenses deslocados do norte devido a troca de ataques com o Hezbollah, que abriu uma nova frente de batalha em solidariedade à causa palestina.

Soma-se à tensão o anúncio do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, feito nesta quinta-feira. Em pronunciamento, Nasrallah classificou os ataques como uma "declaração de guerra" por parte de Israel, reiterando que o grupo retaliará, mas sem detalhar como. Ao todo, 37 pessoas morreram e 3.539 ficaram feridas durante as explosões dos dispositivos na terça e na quarta.

Segundo autoridades americanas ouvidos pelo WSJ, antes mesmo dos ataques nos últimos dois dias, o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, já havia manifestado sua preocupação quanto a uma ofensiva israelense no norte em um reunião com altos funcionários do Pentágono na segunda-feira. As explosões-surpresa aos pages e walkie-talkers usados pelo Hezbollah para evitar rastreamento adicionaram uma nova camada de tensão sobre a mesa.

— Estou muito preocupado com a possibilidade de que isso saia do controle — disse um oficial sênior da Defesa ao WSJ.

Segundo as fontes, um conflito por terra entre Israel e o Hezbollah — cujo poderio militar inclui 150 mil mísseis de precisão capazes de alcançar todo o território israelense e uma força estimada de até 100 mil homens, entre ativos e reservas, muitos com experiência em campo de batalha devido a guerra na Síria — poderia arrastar os Estados Unidos e o Irã para a guerra.

Embora as autoridades dos EUA tenham enfatizado que, por enquanto, não viram nenhum indicador de uma incursão iminente no território libanês, como a convocação de reservas, e poderia levar semanas para que as tropas destacadas para o retorno estejam em posição para uma ofensiva, elas pontuaram que Israel poderia ordenar uma operação em menor escala em um espaço curto de tempo.

Na quarta-feira, John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, disse que ainda é possível encontrar uma saída para a crise entre Israel e Hezbollah por meio da diplomacia, mas não descartou um possível conflito:

— Nada é inevitável — disse Kirby.

No mesmo dia, o Secretário de Estado americano, Antony Blinken, afirmou em uma coletiva de imprensa no Cairo que era “imperativo que todas as partes se abstivessem de quaisquer ações que pudessem aumentar o conflito”.

Na segunda, o ministro da Defesa israelense disse ao enviado especial dos EUA, Amos Hochstein, durante sua visita a Tel Aviv, que “a única maneira de devolver os moradores do norte às suas casas é por meio de ação militar”, segundo nota divulgada pelo seu gabinete.

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