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EUA: Tea Party em fase mais discreta

Tom inflexível do Tea Party, formado por políticos ultraconservadores, já não é tão bem recebido no Congresso americano


	Todd Akin: republicano se desculpou  pós afirmar que as mulheres vítimas de "um verdadeiro estupro" têm meios para impedir uma gravidez
 (©AFP / Ho)

Todd Akin: republicano se desculpou  pós afirmar que as mulheres vítimas de "um verdadeiro estupro" têm meios para impedir uma gravidez (©AFP / Ho)

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Da Redação

Publicado em 10 de novembro de 2012 às 13h29.

Há apenas dois anos, dezenas de novos congressistas faziam barulho, representando os ultraconservadores do Tea Party, mas a reeleição de Barack Obama e os problemas do país mostram os limites dessa intransigência.

Os democratas se deleitam com as derrotas das vozes mais estridentes desta corrente: Richard Mourdock, o homem que quer proibir o aborto sob qualquer circunstância; Todd Akin, que ganhou notoriedade internacional após afirmar que as mulheres vítimas de "um verdadeiro estupro" têm meios para impedir uma gravidez; Allen West, cujas declarações sobre os 80 democratas "membros do Partido Comunista" causaram furor; e Joe Walsh, que boicotou o presidente durante o discurso sobre o Estado da União.

Contudo, apesar de quase todos eles saírem ilesos - pelo menos 51 dos 55 membros do grupo foram reeleitos na terça-feira -, o tom inflexível do Tea Party já não é tão bem recebido no Congresso, após dois anos de inoperância.

"Os candidatos do Tea Party que ganharam, em sua maioria, se distanciaram do programa do Tea Party", afirma o senador democrata Charles Schumer. "Eles se acalmaram um pouco".

O presidente da Câmara, John Boehner, a quem os membros do Tea Party tinham pressionado abertamente durante as negociações sobre o aumento do teto da dívida em 2011, imediatamente estendeu a mão ao presidente um dia depois da eleição, descartando na sexta-feira toda possibilidade de revolta interna.

"De fato, não há realmente um grupo Tea Party", declarou à rede ABC.

Os republicanos sabem que a popularidade do Congresso despencou e que precisam mostrar resultados sobre os principais temas pendentes: orçamento, redução do déficit, reforma das leis migratórias.

Contudo, apesar de as bandeiras do Tea Party desaparecerem das telas durante a campanha, seus membros continuarão reivindicando sempre "menos Estado".

"Haverá uma espécie de guerra civil interna no Partido Republicano, entre a extrema direita do Tea Party e a direita cristã de um lado e os moderados do outro", previu Brigitte Nacos, da Universidade de Columbia em Nova York, que acompanha a evolução do grupo.

Os fundadores do movimento veem na derrota "catastrófica" de Mitt Romney a prova de que a campanha não foi suficientemente de direita. Segundo Jenny Beth Martin, fundadora da Patriotas do Tea Party, um dos primeiros grupos formados no país, os republicanos devem, na verdade, ser mais radicais.

"Nosso candidato era fraco, escolhido pelas elites de Washington e por membros dos clubes privados do partido republicano", disse Jenny Beth Martin na noite da eleição.

Outras vozes republicanas querem empreender uma renovação, entre eles o senador latino Marco Rubio, motivado pelo tema da imigração, após ter sido eleito em 2010 na onda do Tea Party.

Seu posicionamento durante os próximos debates orçamentários será um indicador crucial da evolução do movimento.

"Os membros mais conservadores sobre temas econômicos mudaram fundamentalmente a composição da Câmara", comemora Jacqueline Bodnar, da rede Freedomworks. "O aumento do teto da dívida era, no passado, uma simples formalidade. Hoje, cada oportunidade dá lugar a uma verdadeira batalha".

O aumento deste limite, necessário para permitir que o Estado possa obter recursos adicionais, deve ser aprovado antes do fim do ano, no que será o primeiro teste real sobre a capacidade de bloqueio do Tea Party, versão 2012.

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