Agência de notícias
Publicado em 21 de agosto de 2025 às 16h05.
A recente movimentação naval protagonizada pelos Estados Unidos nas águas da América Latina e do Caribe, que ganhou contornos alarmantes na última semana, teve uma guinada inesperada. O Grupo Anfíbio de Prontidão Iwo Jima precisou suspender suas atividades e retornar à base naval em Norfolk, Virgínia, devido aos riscos meteorológicos provocados pelo furacão Erin.
Não ficou claro se a esquadra chegou a se aproximar da costa da Venezuela, como prometido, antes de dar meia volta. O retorno aconteceu na manhã de terça-feira, segundo um observador de navios — a previsão de chegada inicial era na manhã de quarta-feira. O grupo anfíbio havia deixado Norfolk cinco dias antes, na primeira missão desse tipo em oito meses, com uma força considerável.
Eles se preparavam para operar no Caribe sob o comando do U.S. Southern Command, depois de embarcar militares da 22ª Unidade Expedicionária de Fuzileiros Navais em Camp Lejeune, na Carolina do Norte. Ao todo, cerca de 4,5 mil marinheiros e fuzileiros, além de três navios de assalto anfíbio — USS Iwo Jima (LHD-7), USS Fort Lauderdale (LPD-28) e USS San Antonio (LPD-17) — estavam previstos para integrar a operação, considerada por especialistas uma demonstração de força pouco comum para ações de combate ao narcotráfico — justificativa oficial para o deslocamento.
Segundo informações da Marinha americana, todos os navios retornaram ao porto para evitar os efeitos do furacão Erin, que chegou a atingir a categoria 5 no fim de semana. De acordo com o Serviço Nacional de Meteorologia dos EUA, a tempestade deve atingir áreas da Virgínia e de Maryland, com ventos fortes previstos a partir desta quinta-feira. A formação estava, na manhã de terça-feira, ao largo das Bahamas.
O retorno da frota ocorreu de forma preventiva, após os primeiros impactos esperados na região costeira, de acordo com a Marinha. Além do esquadrão anfíbio, três contratorpedeiros — USS Gravely, USS Jason Dunham e USS Sampson — equipados com o sistema Aegis de mísseis guiados, foram deslocados para a região, segundo fontes ligadas à operação. Um submarino de ataque nuclear, aeronaves P-8 Poseidon e outros meios de vigilância completam o aparato.
Esses ativos ampliam a capacidade de inteligência e ataque seletivo, caso o governo dos EUA decida adotar ações pontuais. O deslocamento da frota naval ocorreu após uma diretiva obscura do presidente Donald Trump ordenar, no início do mês, que as forças americanas combatam cartéis de drogas estrangeiros. A medida elevou o temor de uma intervenção na Venezuela, com quem os EUA romperam relações diplomáticas em 2019, durante o primeiro governo Trump.
Na terça-feira, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que os EUA usarão "toda a força" contra o regime de Nicolás Maduro, a quem acusou de chefiar um cartel que trafica drogas para o território americano, após o Tesouro americano incluir, em julho, o chamado Cartel de los Soles na lista de organizações terroristas e fixar uma recompensa de US$ 50 milhões pela captura do líder chavista.
Em resposta, o presidente venezuelano anunciou a mobilização de 4,5 milhões de paramilitares no país, acusando os EUA de estarem se preparando para uma intervenção.