O mundo registra até agora 55,8 milhões de casos da covid-19, com mais de 1,3 milhão de mortes (Noam Galai/Getty Images)
AFP
Publicado em 19 de novembro de 2020 às 06h50.
Última atualização em 19 de novembro de 2020 às 07h28.
Os Estados Unidos superaram nesta quarta-feira (18) as 250.000 mortes pelo novo coronavírus, enquanto Nova York anunciou que voltará a fechar as escolas públicas para conter a segunda onda e na Europa a taxa de mortalidade aumenta.
O país totaliza agora 250.029 óbitos pelo novo coronavírus, segundo balanço da Universidade Johns Hopkins, referência no acompanhamento da pandemia. E detém de longe o maior registro nacional de falecidos com a doença, à frente de Brasil (com 167.455 mortos), Índia (com 130.993) e o México (99.026).
Na falta de uma estratégia nacional, estados e cidades americanos impuseram diferentes restrições, que vão do 'lockdown' à proibição de reuniões sociais ou fazer refeições dentro de restaurantes.
Devido ao aumento de casos, a cidade de Nova York decidiu voltar a fechar as escolas públicas esta semana e retomar algumas restrições a bares e restaurantes.
O fechamento de escolas na maior cidade dos Estados Unidos ocorreu apesar do anúncio animador das farmacêuticas americana Pfizer e alemã BioNTech de que sua vacina contra a covid-19 tem 95% de eficácia, próxima à da concorrente Moderna (94,5%).
Esta resposta é melhor do que os resultados parciais publicados na semana passada e que mostraram "mais de 90%" de eficácia.
Em Nova York, porém, o prefeito Bill de Blasio disse que as 1.800 escolas públicas da cidade vão oferecer aulas apenas online a partir desta quinta-feira por tempo indeterminado, pois o índice de positividade para a covid-19 superou a média de 3% ao longo de sete dias.
"Devemos lutar contra a segunda onda", ressaltou ele.
O vice-diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Jarbas Barbosa, alertou para o recorde de internações nos Estados Unidos (quase 77 mil), lembrando que só na semana passada o país registrou mais de um milhão de novos casos do vírus.
"Já sabemos que quando nossas instalações de saúde estão sobrecarregadas, nossa capacidade de tratar aqueles que estão gravemente doentes se torna limitada", acrescentou.]
As vacinas não são uma fórmula mágica e os países terão que "subir a ladeira" por enquanto sem elas, alertou o diretor de emergência da Organização Mundial da Saúde, Michael Ryan.
"Acho que teremos de esperar de quatro a seis meses" antes de atingirmos "um nível significativo de vacinação", observou Ryan em uma sessão de divulgação realizada nas redes sociais.
Apesar das restrições, o mundo registra até agora 55,8 milhões de casos da covid-19, com mais de 1,3 milhão de mortes, de acordo com a última contagem da AFP.
Os Estados Unidos, Europa e outros países já reservaram centenas de milhões de doses da vacina da Pfizer e BioNTech. O grupo espera conseguir produzir 50 milhões de doses ainda este ano, permitindo vacinar 25 milhões de pessoas (devido ao protocolo de duas doses). Em 2021, sua meta é fabricar 1,3 bilhão de doses.
A Rússia também anunciou ter uma vacina com eficácia de mais de 90%.
Vários laboratórios internacionais estão em fase final de testes de suas vacinas, o que permite aguardar o lançamento das campanhas de vacinação para as últimas semanas de 2020 nos Estados Unidos e o início de 2021 em outros países.
A vacinação de 20% da população da América Latina e do Caribe (cerca de 126 milhões de pessoas) contra o novo coronavírus custará mais de US$ 2 bilhões, disse Barbosa, da Opas.
Embora a taxa de infecção na Europa tenha caído, a OMS disse que a taxa de mortalidade aumentou 18% na semana passada, em comparação com a anterior.
Segundo a organização, 46% dos novos casos e 49% das mortes na semana passada ocorreram na Europa.
O velho continente é a região com mais casos de covid-19 no mundo, mais de 15 milhões de acordo com uma contagem da AFP, embora a América Latina e o Caribe seja a que registra o maior número de mortes, com mais de 426.000 mortes de um total de 12,1 milhões de casos.
A pandemia parece fora de controle em vários lugares, como no sul da Itália, por exemplo, onde há a ameaça de sobrecarregar o sistema de saúde.
Na Suíça, um dos países europeus mais afetados, uma associação médica alertou que as unidades de terapia intensiva estão quase todas saturadas.
Limites para o deslocamento, comércio e restaurantes não são facilmente aceitos em todos os lugares.
Em Berlim, a polícia alemã usou canhões d'água nesta quarta-feira para dispersar uma manifestação de cidadãos contra as medidas restritivas.
Os manifestantes disseram que as medidas os lembravam da era nazista, enquanto gritavam "vergonha, vergonha!".
O protesto aconteceu um dia depois de confrontos com a polícia em Bratislava, capital da Eslováquia, que contou com a presença de manifestantes da extrema direita.
No Brasil, segundo país com mais mortes por coronavírus no mundo (mais de 167 mil óbitos) atrás somente dos Estados Unidos, o aumento das internações desperta o temor de uma segunda onda como a que atinge a Europa e os Estados Unidos.
A média de mortes, que havia ultrapassado as 1.000 por dia entre junho e agosto, caiu para menos de 350 no início da semana passada. No entanto, desde sábado ultrapassou os 500 novamente.
O estado de São Paulo, o mais populoso e com maior número de casos e óbitos, teve aumento de 18% nas internações na semana passada.