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EUA subestimaram alianças na Colombia

Militares americanos consideravam que alianças entre guerrilheiros e narcotraficantes seriam de curto prazo, segundo documentos


	Membro das FARC durante patrulhamento: em reunião com Brasil na década de 80, americanos pouco acreditavam nos vínculos colombianos
 (Getty Images)

Membro das FARC durante patrulhamento: em reunião com Brasil na década de 80, americanos pouco acreditavam nos vínculos colombianos (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 13 de agosto de 2013 às 13h28.

Rio de Janeiro - Os militares dos Estados Unidos consideravam que os vínculos entre grupos guerrilheiros colombianos e o narcotráfico no final dos anos 80, então preocupantes, seriam de curto prazo, segundo documentos confidenciais desclassificados pelo Governo brasileiro.

De acordo com a ata de uma reunião que militares dos Estados Unidos e do Brasil tiveram em outubro de 1988, divulgada hoje pelo jornal "O Estado de São Paulo", a maior potência militar do mundo pouco apostava na aliança entre guerrilheiros e narcotraficantes na Colômbia.

"Nas respostas (às inquietações dos militares brasileiros), os americanos destacaram a existência na América do Sul de vínculos entre narcotraficantes e guerrilheiros, principalmente na Colômbia. No entanto, os americanos previram que isso tendia ao fracasso já que os objetivos finais dos guerrilheiros e narcotraficantes são diferentes", segundo o documento.

Apesar de subestimar essa relação, quase duas décadas depois a Justiça americana acusou a guerrilha Forças Armados Revolucionárias da Colômbia (FARC) de ser responsável por 60% da cocaína que chega ao país e formulou acusações por narcotrático contra cerca de 50 dirigentes do grupo.

A ata da IX Reunião Anual de Consultas Brasil-EUA para Assuntos de Segurança faz parte de um conjunto de documentos secretos do Estado-Maior das Forças Armadas do Brasil desclassificados recentemente pelo Arquivo Nacional e que o jornal paulista vem divulgando.


Na época da reunião citada, segundo o documento, Washington parecia mais preocupado com os vínculos entre o narcotráfico e o então presidente do Panamá, o general Manuel Noruega.

Os militares americanos consideravam que os vínculos entre guerrilheiros e narcotraficantes se limitavam então a acordos de proteção.

Em sua exposição perante os brasileiros, os americanos afirmaram que "os grupos narcotraficantes estão muito fortes e recorrem, em troca de dólares, à proteção de (grupos) guerrilheiros, como Sendero Luminoso (Peru) e o M-19 (Colômbia)".

As ações guerrilheiras que mais preocupavam os Estados Unidos na época eram as do Sendero Luminoso, as Farc e os também colombianos Exército de Libertação Nacional (ELN) e M-19.

Os americanos expuseram a decisão de combater o narcotráfico desde sua origem com a ajuda dos Governos dos países produtores.

"Foi destacada a decisão americana de bloquear o narcotráfico em terra, em ar e no mar, inclusive com ações na própria fonte, como as que estão sendo efetuadas na Bolívia e Colômbia. Nesse sentido, estão tentando desenvolver esforços conjuntos de cooperação entre os países envolvidos mediante o treino do pessoal, assistência técnica, assessoria e programas específicos", assegura o documento.

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