Unesco: a resolução, proposta pela Palestina e rejeitada por Israel, foi adotada hoje com 24 votos a favor (Joel Saget/AFP)
Da Redação
Publicado em 13 de outubro de 2016 às 21h54.
Washington - Os Estados Unidos seguirão se opondo às resoluções "anti-Israel" na Unesco como fez com o texto aprovado nesta quarta-feira que nega todo o vínculo entre o Monte do Templo de Jerusalém e o judaísmo, limitando-se a considerá-lo como um lugar de culto muçulmano, no qual está a Mesquita de al Aqsa.
"Os EUA se opõem com firmeza a estas resoluções. Estamos profundamente preocupados com esse tipo de resoluções politizadas recorrentes que não contribuem para avançar em resultados construtivos no terreno e que não pensamos que deveriam ser adotadas", disse o porta-voz do Departamento de Estado, Mark Toner.
A resolução, proposta pela Palestina e rejeitada por Israel, foi adotada hoje com 24 votos a favor, 26 abstenções e seis votos contrários, entre eles o dos EUA, no Conselho Executivo da Unesco, composto por 58 países.
Questionado sobre a resolução em sua entrevista coletiva diária, Toner afirmou que as resoluções anti-Israel foram um desafio recorrente na Unesco nos últimos anos e lembrou que, "obviamente, os EUA "se opuseram com firmeza a todas elas no Conselho Executivo".
"Esse tipo de visão politizada recorrente ressalta a necessidade de os EUA reafirmarem sua liderança dentro da Unesco", completou.
O porta-voz admitiu que essa influência "se debilitou" desde 2011, quando o país deixou de pagar suas cotas no órgão em resposta à admissão da Palestina como Estado-membro. "Vamos seguir trabalhando com o Congresso para fazer uma emenda quanto a isso e buscar maneiras nas quais possamos pagar essas dívidas para poder, outra vez, ser um membro pleno da Unesco", indicou Toner.
A resolução aprovada hoje na Unesco desaprova de forma taxativa a atitude de Israel com relação ao acesso ao Monte do Templo e se refere a ele unicamente como Mesquita de al Aqsa, classificando-o de local único do islã.
Considerado o terceiro lugar mais sagrado para os muçulmanos após Meca e Medina, a mesquita foi erguida em um local que os judeus consideram ter abrigado dois templos bíblicos, o de Salomão, destruídos pelos babilônios no século VI a.C, e o de Herodes, derrubado pelas legiões romanas no ano 70 d.C.
Israel, que controla o Monte do Templo desde a Guerra dos Seis Dias (1967), quando ocupou a parte oriental de Jerusalém, permite que os muçulmanos rezem no local, mas, em algumas ocasiões, restringe seu acesso por motivo de seguranças.