Passageiros em aeroporto de Atlanta. (Carlos Barria/Reuters)
Reuters
Publicado em 7 de novembro de 2021 às 15h05.
Última atualização em 7 de novembro de 2021 às 15h05.
Os Estados Unidos se preparam para reabrir suas fronteiras terrestres e aéreas aos viajantes vacinados contra covid-19 nesta segunda-feira (8), encerrando 20 meses de severas restrições criticadas pela Europa e pelos vizinhos México e Canadá.
Famílias separadas, relações comerciais interrompidas, ambições de carreira frustradas: a "proibição de viagens" imposta pelo então presidente Donald Trump no início de 2020, mais tarde confirmada por seu sucessor Joe agravou as turbulências provocadas pela pandemia.
Para se proteger dos países mais atingidos pela covid-19, Trump impôs rapidamente restrições de viagens da China em fevereiro de 2020. Depois, no dia 13 de março, foi a vez dos países da Europa pertencentes ao espaço Schengen.
Reino Unido e Irlanda foram restringidos alguns dias depois, enquanto as fronteiras terrestres já estavam praticamente fechadas com o México e o Canadá.
Com todos esses países, a densidade das trocas humanas e econômicas é extremamente intensa.
"Foi muito difícil, só quero ver meu filho", disse à AFP Alison Henry, uma britânica de 63 anos que viajará na segunda-feira para encontrar seu filho em Nova York após 20 meses de separação.
Desde o verão passado era possível viajar dos Estados Unidos para a Europa, mas os estrangeiros que se estabeleceram nos Estados Unidos e possuíam certos vistos não tinham garantia de poder voltar para casa.
Para atender ao previsível aumento da demanda, as companhias aéreas aumentaram o número de voos transatlânticos e o tamanho dos aviões.
O levantamento das restrições também representa um respiro para o setor de aviação em crise pela pandemia.
Também ao longo da imensa fronteira mexicana, inúmeras cidades americanas, no Texas ou na Califórnia, sofreram um forte choque econômico e aguardam ansiosamente o retorno à normalidade.
Os ricos aposentados canadenses, por exemplo, podem agora, sem medo, na época da primeira geada, iniciar sua jornada anual de carro para a Flórida e suas delícias climáticas.
Mais de trinta países serão incluídos no levantamento desta "proibição de viagens".
Para os viajantes que chegam de avião, os Estados Unidos solicitarão a partir de segunda-feira, além do certificado de vacinação e do teste negativo para covid feito nos três dias anteriores à partida, o estabelecimento pelas companhias aéreas de um sistema de rastreamento de contatos.
Para a rota terrestre, as restrições serão suspensas em duas etapas.
A partir de segunda-feira, as pessoas que chegarem ao país por motivos considerados não essenciais, como família ou turismo, poderão cruzar a fronteira do Canadá ou do México, desde que estejam vacinadas.
Aqueles que o fazem por motivos imperiosos, por exemplo, os motoristas de caminhão, estarão isentos deste requisito.
Mas a partir de janeiro a obrigação de vacinação se aplicará a todos que cruzarem as fronteiras terrestres, independentemente do motivo da viagem.
As autoridades de saúde dos EUA também indicaram que todas as vacinas aprovadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) serão aceitas.
Por outro lado, a OMS está mais uma vez alarmada com a taxa de transmissão "muito preocupante" da covid-19 na Europa, que pode causar mais meio milhão de mortes no continente até fevereiro.
Esta quarta onda atinge principalmente a Alemanha, com a qual o governo Biden é especialmente cuidadoso em suas negociações.
A United Airlines espera volume cerca de 50% maior no total de passageiros internacionais chegando ao país na segunda-feira em comparação com a segunda passada, quando cerca de 20.000 foram contabilizados.
E o presidente-executivo da Delta Air Lines, Ed Bastian, avisou os viajantes que eles devem se preparar para longas filas nestes primeiros dias.
"Vai ser um pouco complicado no início. Posso garantir que haverá filas, infelizmente", disse Bastian, acrescentando que a empresa "irá resolver isso".
A Delta disse que nas últimas seis semanas, desde que a reabertura dos EUA foi anunciada, foi registrado um aumento de 450% nas reservas em pontos de venda internacionais na comparação com as seis semanas anteriores ao anúncio.
O porta-voz da Casa Branca, Kevin Munoz, disse no Twitter: "Como esperamos alta demanda assim que os EUA suspenderem as restrições de viagens aéreas e terrestres existentes na segunda-feira, estamos tomando medidas críticas para nos prepararmos, como fornecendo recursos adicionais."
A administração Biden realizou várias ligações com as companhias aéreas dos EUA para prepará-las para o grande fluxo de viajantes que começarão a chegar aos aeroportos dos EUA e alertou os viajantes que cruzam do Canadá e do México por terra ou ferry boat para que eles se preparem para esperas mais longas a partir de segunda-feira.
Para Bhavna Patel, um voo de Londres a levará a Nova York na segunda-feira para ver seu primeiro neto depois de mais de um ano assistindo-o crescer via FaceTime.
As regras haviam barrado a maioria dos cidadãos não-americanos que, nos 14 dias anteriores, estiveram em 33 países --os 26 países do Acordo de Schengen na Europa (sem controles de fronteira), China, Índia, África do Sul, Irã, Brasil, Grã-Bretanha e Irlanda.
O grupo U.S. Travel disse que estes países representaram 53% de todos os visitantes estrangeiros aos Estados Unidos em 2019 e as comunidades de fronteira foram as mais atingidas pela perda de turistas que cruzavam a partir do México e do Canadá.
O grupo estima que a baixa no turismo internacional "resultou em quase 300 bilhões de dólares em perda de receita de exportação" desde março de 2020.
As companhias aéreas dos EUA estão aumentando os voos para a Europa e outros destinos que foram afetados pelas restrições. E estão planejando eventos na segunda-feira, com executivos recebendo os viajantes em alguns dos primeiros voos.