Uma pessoa que leu o documento, datado de 27 de maio de 2020, disse que ele era um forte argumento para uma investigação mais aprofundada sobre a possibilidade de o vírus ter vazado de laboratório (style-photography/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 7 de junho de 2021 às 21h23.
Última atualização em 7 de junho de 2021 às 21h56.
Um relatório sobre as origens da covid-19 realizado por um laboratório nacional do governo dos Estados Unidos concluiu que a hipótese de que o vírus vazou de um laboratório chinês em Wuhan é plausível e merece uma investigação mais aprofundada, de acordo com pessoas familiarizadas com o documento confidencial.
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O estudo foi preparado em maio de 2020 pelo Laboratório Nacional Lawrence Livermore, na Califórnia, e foi usado pelo Departamento de Estado quando conduziu uma investigação sobre as origens da pandemia nos meses finais do governo do ex-presidente Donald Trump. Uma porta-voz do Lawrence Livermore se recusou a comentar o relatório, que permanece em sigilo.
Uma pessoa que leu o documento, datado de 27 de maio de 2020, disse que ele era um forte argumento para uma investigação mais aprofundada sobre a possibilidade de o vírus ter vazado de laboratório. O estudo também teve grande influência na investigação do Departamento de Estado sobre as origens da covid-19. Funcionários receberam a pesquisa no final de outubro de 2020 e pediram mais informações, de acordo com um cronograma do escritório de controle e verificação de armas da agência, que foi revisado pelo The Wall Street Journal.
Apesar das descobertas, o zoólogo Peter Daszak e outros 26 colegas asseguram, em artigo publicado pela revista Lancet, que a origem do coronavírus é natural -- e que não teria passado por laboratórios para ser feito. A hipótese mais provável, de acordo com o especialista, é a de que algum animal tenha transmitido a doença a outro que, por sua vez, entrou em contato com algum humano.
As declarações foram colocadas sob suspeita depois que foi comprovada uma ligação entre Daszak e Shi Zhengli, importante cientista chinesa, como mostrou o Fantástico. O especialista ainda integrou uma equipe da OMS que foi até Wuhan no início do ano para desvendar a origem do coronavírus.
A reportagem ainda mostra que um trabalho conduzido pela equipe da cientista chinesa chegou a encontrar um vírus 96% similar ao coronavírus em Yunnan, em cavernas habitadas por morcegos. O que pesquisadores não esclareceram, até agora, é a hipótese de o vírus chegar a Wuhan, a mais de 1.500 quilômetros de distância.
Além desta, outras evidências completam a hipótese de que o vírus tenha surgido de forma natural. Exemplo disso é um estudo científico feito por pesquisadores de universidades dos Estados Unidos, Austrália e Reino Unido, e publicado na revista Nature Medicine, o vírus é resultado de evolução natural, sem engenharia humana. A eficácia do vírus ao se ligar a células do corpo humano sugere que ele é resultado de seleção natural, segundo os pesquisadores.
“Ao comparar os dados disponíveis de sequenciamento de genoma das cadeias do vírus, podemos determinar com firmeza que o SARS-CoV-2 [como é chamado o novo coronavírus] foi originado a partir de processos naturais”, disse, em nota, Kristian Andersen, professor associado de imunologia e microbiologia do Scripps Research, centro americano de pesquisa médica sem fins lucrativos.
De acordo com a pesquisa, a estrutura molecular do novo coronavírus não seria algo feito em laboratório porque ela é muito diferente daquela vista em outras doenças do mesmo grupo. No entanto, ela tem semelhanças com vírus conhecidos que afetam morcegos e pangolins, que não seriam usados na engenheria genética.
Nesse sentido, uma das possibilidades consideradas pela comunidade científica global é de que o novo coronavírus tenha evoluído em alguma espécie de animal (ainda não se sabe ao certo qual seria) e, então, ter feito a transição para o organismo humano.