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EUA, Reino Unido e Noruega e empresas vão destinar US$1 bi a florestas

O objetivo é levantar recursos para combater desmatamento em todo o mundo. Montante, no entanto, só será enviado após comprovação de resultados

 (Florian Gaertner / Photothek/Getty Images)

(Florian Gaertner / Photothek/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 22 de abril de 2021 às 12h54.

Última atualização em 22 de abril de 2021 às 14h08.

Um grupo de grandes empresas multinacionais e os governos de Estados Unidos, Noruega e Reino Unido anunciaram nesta quinta-feira, 22, uma das mais ousadas coalizões para combater o desmatamento no mundo.

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O grupo lançou a chamada Leaf Coalition ("coalizão da folha", numa tradução livre, e sigla para Lowering Emissions by Accelerating Forest Finance), uma aliança entre os setores público e privado.

O objetivo é levantar pelo menos 1 bilhão de dólares para financiar projetos de proteção das florestas.

A iniciativa foi anunciada durante a Cúpula do Clima nesta quinta-feira, evento organizado pelo governo do presidente americano, Joe Biden, em meio ao Dia da Terra (ou Earth Day), celebrado neste 22 de abril.

Os recursos serão transferidos após resultados dos governos em reduzir o desmatamento em cinco anos, de 2022 a 2026.

O funcionamento deve ser similar ao do Fundo Amazônia, do qual o Brasil recebia recursos desde 2008, capitaneado por Noruega e Alemanha. O fundo foi congelado após o Ministério do Meio Ambiente excluir conselhos de governança integrados pela sociedade civil.

Desde então, o ministro Ricardo Salles chegou a dizer que os recursos eram "inexpressivos". No entanto, o Brasil recebeu, sozinho, mais de 1 bilhão de dólares do Fundo Amazônia, mesmo montante que a Leaf Coalition espera dividir entre diversos governos.

A criação da Leaf Coalition vem em meio ao embate entre o governo brasileiro e as potências globais sobre o financiamento do combate às mudanças climáticas.

O pedido às potências para que financiem o combate ao desmatamento foi reforçado na Cúpula de hoje em discurso do presidente Jair Bolsonaro. Do outro lado, o governo dos Estados Unidos deu declarações nos últimos dias afirmando que era preciso que o governo brasileiro, primeiro, mostrasse resultados antes de receber os recursos.

Bolsonaro prometeu zerar o desmatamento ilegal até 2030, meta que já havia sido acordada pelo Brasil no Acordo de Paris, em 2015, mas que não vinha sendo cumprida por seu governo. No entanto, a tendência é que as potências peçam que o Brasil mostre resultados antes de enviar novos recursos.

O fundo da Leaf Coalition é destinado a todos os governos (incluindo entes federativos, como estados e municípios) que tenham projetos de redução de desmatamento e comprovem resultados, a ser checados por uma auditoria independente. Assim, o Brasil, ao contrário do que ocorria no Fundo Amazônia, terá de disputar recursos com outros países donos de florestas tropicais.

A coalizão público-privada também mostra a tendência de que, no esforço global para as questões ambientais, o papel das empresas será crucial.

Na quarta-feira, 21, véspera da Cúpula, a secretária do Tesouro americano, Janet Yellen, disse que o investimento do setor privado no combate às mudanças climáticas será "chave" para o avanço mundial nesta frente.

Uma série de companhias têm ampliado seus esforços para zerar emissões de carbono (a maioria das grandes empresas se comprometeu a chegar ao nível zero de carbono até 2050). Para tal, têm feito investimentos em projetos sustentáveis e no controle de sua própria cadeia de produção.

A Cúpula do Clima desta quinta-feira é um chamariz do governo Biden para reacender a liderança americana nas questões climáticas, após o governo do presidente Donald Trump (2017-2020) ter retirado os Estados Unidos do Acordo de Paris, assinado na gestão Barack Obama (2009-2016).

O anúncio da Leaf Coalition vem na mesma linha. Pressionado no exterior e também por alas mais progressistas do Partido Democrata, Biden tem tentando garantir que seu governo irá priorizar o combate às mudanças climáticas.

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