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EUA querem normalizar relações com Venezuela

Nicolás Maduro ficará temporariamente à frente da presidência no lapso prévio a novas eleições, que devem acontecer nos 30 dias seguintes à morte do presidente


	Em comunicado sobre a morte de Chávez, Obama se limitou a reafirmar "seu apoio ao povo venezuelano" e seu "interesse em desenvolver uma relação construtiva com o governo de Caracas"
 (Jim Watson/AFP)

Em comunicado sobre a morte de Chávez, Obama se limitou a reafirmar "seu apoio ao povo venezuelano" e seu "interesse em desenvolver uma relação construtiva com o governo de Caracas" (Jim Watson/AFP)

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Da Redação

Publicado em 6 de março de 2013 às 19h45.

Washington - O Governo dos Estados Unidos expressou nesta quarta-feira sua disposição de normalizar as relações com a Venezuela após a morte do presidente Hugo Chávez, apesar da expulsão ontem de dois adidos militares de sua embaixada em Caracas.

Um funcionário do Departamento de Estado americano assegurou hoje a jornalistas em Washington que "este é um momento muito difícil para os venezuelanos", e não escondeu a "esperança" dos EUA que as eleições "sejam realizadas de acordo com a Constituição venezuelana e com os documentos regionais como a Carta Democrática Interamericana".

O citado funcionário, que pediu anonimato, indicou que a expulsão dos dois militares de sua embaixada em Caracas não significa que a Venezuela tenha abandonado sua intenção de normalizar as relações com os EUA, e mostrou sua disposição em continuar o processo.

No entanto, antecipou que na campanha eleitoral que agora começa "seguiremos ouvindo comentários sobre os Estados Unidos que não ajudarão a melhorar esta relação", mas espera que, uma vez eleito um novo governo, possam retomar os contatos.

"As campanhas eleitorais não são sempre o melhor momento para avançar em política e entendemos que a Venezuela pode demorar algum tempo para estar pronta para ter estas conversas de maneira mais regular e mais séria", acrescentou.

No único comunicado da Casa Branca em relação à morte de Chávez, emitido no final da noite de ontem, o presidente americano, Barack Obama, se limitou a reafirmar "seu apoio ao povo venezuelano" e seu "interesse em desenvolver uma relação construtiva com o governo de Caracas".

Os países romperam relações diplomáticas de alto nível em 2010, quando retiraram seus respectivos embaixadores, e os analistas não preveem avanços notáveis em um futuro próximo.


O co-diretor do progressista Centro para a Pesquisa Econômica e Política (CEPR), Mark Weisbrot, declarou hoje à Agência Efe que não vê "muito interesse em melhorar as relações com a Venezuela" por parte dos EUA.

"Acho que (o presidente Barack) Obama joga as cartas para agradar a audiência doméstica, não lhe interessa especialmente retomar as conversas com a Venezuela", comentou.

Como pano de fundo, no entanto, aparece a estreita relação comercial, especialmente petrolífera, difícil de eliminar da noite para o dia.

Apesar das relações complicadas, a Venezuela é o terceiro exportador de petróleo aos Estados Unidos, atrás apenas de Canadá e Arábia Saudita, com cerca de 32 milhões de barris mensais no fechamento de 2012.

Segundo informou o país sul-americano, o vice-presidente da Venezuela e sucessor político de Chávez, Nicolás Maduro, ficará temporariamente à frente da presidência do país no lapso prévio a novas eleições que, de acordo com a Constituição, devem acontecer nos 30 dias seguintes à morte do presidente.

"Nenhuma dúvida que os inimigos históricos" da pátria "buscaram o ponto certo para prejudicar a saúde" do presidente venezuelano, assegurou Maduro ontem em referência aos EUA, em um sinal que não mudará a postura antiamericana que caracterizou o governo de Chávez.


Algo que o Departamento de Estado dos EUA apressou-se em tachar rapidamente de "degradante".

Neste sentido, Eric Farnsworth, vice-presidente do Council of the Americas, ressaltou à Efe o interesse de Maduro em manter a ameaça de uma "força externa" e previu que os EUA evitarão qualquer pronunciamento público para que não pareça uma "intervenção".

"Washington não quer dar aos chavistas uma desculpa para atacarem os EUA", ponderou Farnsworth, acrescentando que os americanos tentarão colaborar com outros gigantes regionais como Brasil e Colômbia para assegurar um desenvolvimento "justo" das eleições.

Maduro será o candidato do chavismo e provavelmente enfrentará Henrique Capriles, que em setembro do ano passado foi derrotado por Chávez nas eleições presidenciais, mas com o melhor resultado da oposição em mais de uma década.

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