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EUA querem manter bases militares no Afeganistão após 2014

O presidente afegão afirmou ser favorável ao pedido


	Veículos do exército americano se deslocam por estrada que lica Cabul e Bagram: "aceitamos entregar as bases porque é bom para o Afeganistão", disse Karzai
 (Massoud Hossaini/AFP)

Veículos do exército americano se deslocam por estrada que lica Cabul e Bagram: "aceitamos entregar as bases porque é bom para o Afeganistão", disse Karzai (Massoud Hossaini/AFP)

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Da Redação

Publicado em 9 de maio de 2013 às 13h03.

Cabul - Os Estados Unidos querem manter nove bases militares no Afeganistão após a retirada das forças da Otan do país, em 2014, indicou nesta quinta-feira o presidente afegão, Hamid Karzai, que disse ser favorável a este pedido.

Os talibãs denunciam este projeto e dizem que a retirada total das forças estrangeiras do Afeganistão é uma das condições sine qua non para negociar a paz.

Os americanos "querem nove bases em todo o Afeganistão, em Cabul, Bagram, Mazar-i-Sharif, Jalalabad, Gardez, Kandahar, Helmand e Herat", disse Karzai.

"Aceitamos dar a eles estas bases porque é bom para o Afeganistão", disse o líder afegão em um discurso na Universidade de Cabul transmitido pela televisão.

Karzai explicou que há "negociações muito sérias e delicadas" em curso com os Estados Unidos. "O Afeganistão também tem suas próprias demandas e interesses", explicou, sem abordar a espinhosa questão da imunidade dos soldados americanos depois de 2014.

O presidente americano, Barack Obama, quer manter soldados no país após o fim da missão de combate da Otan, em 2014, mas apenas se Cabul aceitar conceder imunidade jurídica a eles.

Cerca de 100.000 soldados estrangeiros, integrantes da Força Internacional de Assistência à Segurança (Isaf, em inglês), sob mandato da Otan, enfrentam no Afeganistão a insurreição armada dos talibãs.

Karzai afirmou que, além dos Estados Unidos, outros países da Otan estudam a possibilidade de conservar tropas no país depois de 2014.


"A Otan costumava dizer que ia embora, mas agora vem um depois do outro dizer 'não vamos, vamos ficar'", acrescentou Karzai sem citar nenhum país nem explicar qual será a missão destas tropas.

Segundo o presidente, cada país precisará assinar com o governo afegão um acordo bilateral que estabelecerá as modalidades de sua presença no Afeganistão depois de 2014.

A Isaf combate há mais de dez anos ao lado das forças armadas afegãs a tenaz insurreição talibã, que nos últimos anos ganhou tanta força que os ocidentais não descartam iniciar negociações de paz.

Em 2014, o Afeganistão deve eleger um novo presidente para substituir Karzai, que constitucionalmente não pode se apresentar para um terceiro mandato.

"A única coisa nova deste anúncio é a quantidade de bases que os americanos querem. Karzai quer observar a reação dos afegãos, do Paquistão, do Irã e de outros países vizinhos", disse Waheed Wafa, diretor de um centro de pesquisa da Universidade de Cabul.

Por sua vez, Karzai falou das relações com o Paquistão, que nos últimos dias voltaram a se tornar tensas devido a um litígio fronteiriço que levou a tiroteios entre as forças afegãs e paquistanesas.

"O Afeganistão jamais aceitará a linha Durand", disse Karzai, referindo-se à fronteira estabelecida em 1893 por um oficial britânico para separar o Afeganistão do que era nesta época o império das Índias britânicas.

Já o Paquistão considera que este assunto está encerrado.

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