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EUA querem esfaquear Turquia pelas costas, diz presidente turco

Nos últimos dias, a moeda turca sofreu uma grande desvalorização em relação ao dólar após as novas tarifas que o governo dos EUA adotou

Turquia: tensões se aceleraram com a queda a lira turca, que perdeu 40% de seu valor no correr do ano (Umit Bektas/Reuters)

Turquia: tensões se aceleraram com a queda a lira turca, que perdeu 40% de seu valor no correr do ano (Umit Bektas/Reuters)

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AFP

Publicado em 13 de agosto de 2018 às 11h02.

Última atualização em 13 de agosto de 2018 às 11h03.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, que atribuiu a um complô a queda vertiginosa da lira turca, acusou nesta segunda-feira os Estados Unidos de quererem esfaquear a Turquia pelas costas.

"De uma parte, vocês estão conosco na Otan e, de outra parte, tentam esfaquear seu aliado estratégico pelas costas. É aceitável algo assim?", questionou Erdogan durante um discurso em Ancara.

"Por um lado, dizem ser nosso sócio estratégico e, por outro, dão um tiro em nosso pé", insistiu, em outro momento do discurso.

Ancara e Washington, dois aliados na Otan, atravessam uma crise diplomática ligada especialmente à detenção na Turquia de um pastor americano, Andrew Brunson, acusado de espionagem e terrorismo.

Exigindo sua libertação, os Estados Unidos impuseram, no início de agosto, sanções contra dois ministros turcos. Ancara respondeu à medida.

Estas tensões se aceleraram com a queda a lira turca, que perdeu 40% de seu valor no correr do ano.

A crise diplomática se agravou ainda mais na sexta, quando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que dava seu consentimento para duplicar as tarifas sobre o aço e alumínio turcos, provocando uma nova queda da lira.

Nos últimos dias, a moeda turca sofreu uma grande desvalorização em relação ao dólar após as novas tarifas que o governo dos Estados Unidos adotou.

"Por mais presidente que seja, a pessoa não pode ir dormir e, quando acorda, dizer 'vou impor impostos às portações de aço e alumínio'", criticou Erdogan.

"Adotar uma atitude tão hostil contra um aliado na Otan (...) não tem nenhuma explicação razoável", declarou Erdogan, que também se esforçou por tranquilizar os meios econômicos com seu discurso.

"As dinâmicas econômicas na Turquia são sólidas, são fortes e estão bem ancoradas", declarou o chefe de Estado, que insistiu que as turbulências financeiras são, segundo ele, operacionais.

Além das tensões com Washington, os mercados estão preocupados com a política econômica de Ancara e, emparticular, pela recusa do Banco Central turco de subir as taxas de juros para sustentar a lira e frear uma inflação galopante.

Nesta segunda, em função da situação da lira, o Banco Central da Turquia anunciou nesta segunda que adotará todas as medidas necessárias para garantir a estabilidade financeira após a desvalorização da lira nos últimos dias.

Em seu discurso, Erdogan também criticou os internautas por postarem nas redes sociais comentários destinados a prejudicar a economia turca.

"Na internet há inúmeros terroristas econômicos. Nosso aparato judicial entrou em ação. Vamos aplicar o castigo que merecem assim que os pegarmos", declarou Erdogan.

O ministério do Interior turco anunciou nesta segunda-feira que está investigando cerca de 350 internautas suspeitos de terem compartilhado comentários considerados uma "provocação" sobre a queda da lira turca.

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