Dhaka, Bangladesh: Enchente em na capital em 6 de setembro de 2022. Já muito afetado por inundações, Bangladesh sofre ainda mais com a mudança climática (AFP/AFP Photo)
AFP
Publicado em 26 de outubro de 2022 às 20h27.
O Estados Unidos são "totalmente favoráveis" ao debate na COP27 sobre os danos sofridos de forma desproporcional pelos países mais pobres diante das mudanças climáticas, afirmou seu enviado especial para o clima, John Kerry, nesta quarta-feira (26).
Os países mais vulneráveis, que são também os menos responsáveis pelo aquecimento global, exigem um financiamento específico para compensar as "perdas e danos" causadas pelas crise climática.
Esta questão promete ser um dos principais pontos de debates na 27ª Conferência da ONU sobre o Clima, que acontecerá de 6 a 18 de novembro na cidade egípcia de Sharm el Sheikh.
"Precisamos passar para o próximo nível e ter um diálogo real sobre como o mundo vai gerenciar as perdas e danos", declarou Kerry em uma coletiva de imprensa.
"Estamos prontos para discutir em Sharm el Sheikh todos os meios que nos permitam tentar ser justos, e unir os esforços do mundo para ajudar a resolver as preocupações de muitos países", acrescentou.
"Portanto, somos totalmente favoráveis a lidar com as perdas e danos no contexto dos processos da ONU".
O tema é mencionado nos acordos climáticos de Paris, mas os países desenvolvidos que construíram sua riqueza se apoiando nos combustíveis fósseis relutam em priorizar a questão.
"Espero que esse seja o ano em que o mundo inteiro de alguma forma esteja na mesma sintonia, reconhecendo que existem desigualdades em particular que requerem atenção especial", disse Kerry.
Ele lembrou também que a África representa apenas 3% do total das emissões de gases de efeito estufa e que 17 dos países mais vulneráveis estão nesse continente.
Washington fará "anúncios sobre (seu) apoio à África" em termos de "adaptação" às mudanças climáticas durante a COP27, acrescentou Kerry.
Além disso, "devemos encontrar novos mecanismos de financiamento (...) para ajudar os países a fazer sua transição" para as energias limpas.
Os Estados Unidos também planejam trabalhar "no desenvolvimento multilateral de diretrizes para bancos, com objetivo de disponibilizar mais dinheiro para empréstimos" com estes fins, disse.
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