Mundo

EUA pressionam países com excedente comercial por guerra cambial

Secretário americano quer que o desequilíbrio das balanças externas tenha um limite baseado no PIB

Timothy Geithner, secretário do Tesouro dos EUA, defende uma regulação mínima para as taxas de câmbio (Chung Sung-Jun/Getty Images)

Timothy Geithner, secretário do Tesouro dos EUA, defende uma regulação mínima para as taxas de câmbio (Chung Sung-Jun/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 22 de outubro de 2010 às 09h27.

Gyeongju, Coreia do Sul - Os Estados Unidos pressionaram os membros do G20 com excedentes comerciais a reformar seus sistemas cambiais para fortalecer a economia mundial, mas a ideia pode enfrentar a resistência de alguns sócios, na abertura da reunião de ministros das Finanças do grupo na Coreia do Sul.

"Os países do G20 com excedentes persistentes devem iniciar reformas estruturais, orçamentárias e políticas das taxas de câmbio para reforçar as fontes internas de crescimento e apoiar a demanda mundial", destaca uma carta, assinada pelo secretário americano do Tesouro, Timothy Geithner.

Os ministros das Finanças e presidentes de Bancos Centrais das potências mundiais e dos países emergentes estão reunidos em Gyeongju, Coreia do Sul, até sábado para tentar obter uma trégua na "guerra cambial" que ameaça a recuperação mundial.

O texto americano não faz referência a nenhum país em particular, mas Washington deseja uma valorização do Iuane chinês, cuja baixa cotação ajuda as exportações do gigante asiático.

Geithner propõe que os desequilíbrios das balanças externas dos países do G20 não superem um determinado percentual do PIB (Produto Interno Bruto), mas não estabelece um limite.

A proposta, no entanto, pode esbarrar na oposição de muitos países exportadores, não apenas a China, como também Alemanha, Índia e Japão.

"Os países do G20 devem abster-se de aplicar políticas cambiais destinadas a dar uma vantagem competitiva", destaca o texto do secretário americano.


Um projeto de declaração final do encontro do G20, revelado na quinta-feira, sugere que os países se comprometam a não adotar uma "desvalorização competitiva", segundo a agência de informações econômicas Dow Jones.

"O G20 segue para um sistema de taxas cambiais determinadas pelo mercado", afirma o projeto de comunicado.

A situação é complexa, já que vários países emergentes sofrem atualmente com a desvalorização do dólar, que penaliza suas exportações e encarece ao mesmo tempo suas divisas nacionais.

A China mantém o valor do Iuane estreitamente vinculado ao do dólar.

Estados Unidos e Europa querem impor à China e aos países emergentes, como Coreia do Sul e Brasil, o princípio de um mecanismo de regulamentação das taxas de câmbio.

"Os países emergentes do G20 com moedas significativamente desvalorizadas devem ajustar as taxas de câmbio a níveis que refletem seus fundamentos econômicos", disse Geithner.

De forma inversa, os países com importante déficit comercial devem aumentar a economia e estabelecer metas orçamentárias confiáveis em médio prazo, além de reforçar as exportações, segundo a carta do secretário do Tesouro.

O texto americano, apresentado em uma reunião ministerial do G7, teve boa recepção por parte da França, mas Japão, Alemanha e Rússia manifestaram ceticismo, segundo fontes presentes ao encontro.

Acompanhe tudo sobre:CâmbioDéficit públicoEstados Unidos (EUA)Países ricos

Mais de Mundo

Reino Unido pede a seus cidadãos que deixem o Líbano em voos comerciais

Qual o risco de guerra entre Líbano e Israel após as explosões de pagers?

Guarda Revolucionária do Irã promete 'resposta esmagadora' por ataques no Líbano

Biden receberá Zelensky na Casa Branca para falar sobre guerra com a Rússia