Mundo

EUA pode impor tarifas de até 50% sobre aço e alumínio de Canadá e México

Taxação chegaria nessa porcentagem por conta de outras medidas do presidente americano contra os outros países da América do Norte

AFP
AFP

Agência de notícias

Publicado em 13 de fevereiro de 2025 às 06h57.

Última atualização em 13 de fevereiro de 2025 às 07h02.

As tarifas alfandegárias impostas pelos Estados Unidos ao aço e ao alumínio de México e Canadá poderiam chegar a 50%, anunciou, nesta quarta-feira, 12, a Casa Branca, em guerra comercial com vários países.

Na segunda-feira, o presidente americano, Donald Trump, anunciou tarifas de 25% sobre aos dois metais para todos os países, sem exceções, nem isenções.

Mas para o México e o Canadá já haviam sido impostas tarifas de 25% cobradas de todos os bens produzidos para incitá-los a controlar a imigração ilegal e o tráfico de fentanil. Estas tarifas foram suspensas por um mês para negociações.

Se os três países, membros do acordo comercial da América do Norte (T-MEC), não chegarem a um acordo, as duas tarifas de 25% se somarão uma à outra, e o aço e o alumínio de México e Canadá serão taxados no total em 50% a partir de 12 de março, segundo a Casa Branca.

Segurança nacional

O magnata republicano alegou riscos para a "segurança nacional" para taxar os dois metais de forma generalizada. Países como Argentina, México e Brasil, entre outros, que se beneficiavam de isenções, perderam seus privilégios.

Segundo a Administração de Comércio Internacional dos Estados Unidos, de março de 2024 a fevereiro de 2025, o Brasil foi o segundo exportador de aço para os Estados Unidos, com 3,7 milhões de toneladas métricas, seguido do México, com 2,9 milhões.

Segundo a mesma fonte, a Argentina, cujo presidente ultraliberal, Javier Milei, mantém uma relação próxima com Trump, foi o sexto exportador de alumínio em 2024 para os Estados Unidos, com mais de 176 mil toneladas.

O governo argentino, em declarações ao jornal Clarín, que citou uma fonte ligada a Milei, estima que as tarifas não mudam em nada seus objetivos, visto que continuará "trabalhando em um tratado de livre comércio".

O México pediu a Trump "bom senso", um dos conceitos mais usados pelo republicano.

"Às vezes o presidente Trump diz, 'bom senso'. Bem, devolvemos suas palavras: bom senso, não tiro no pé, não destruir o que construímos nos últimos quarenta anos", disse, na terça-feira, o ministro da Economia do México, Marcelo Ebrard.

"Os Estados Unidos vendem mais para nós, então essa tarifa não se justifica", ressaltou o ministro, detalhando que o país vizinho fornece "quase 6,897 bilhões de dólares [R$ 39,7 bilhões] a mais" do que o México exporta, segundo números oficiais americanos de 2024.

O Brasil, que adota uma diplomacia pragmática, também optou pelo comedimento.

O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou que o país "não estimula, nem fará uma nenhuma guerra comercial", mas considerou "contraproducentes" as "medidas unilaterais" do governo americano.

Medidas audaciosas

A Casa Branca fez outra avaliação. "O presidente Trump segue tomando medidas audaciosas para proteger as indústrias críticas de aço e alumínio dos Estados Unidos, tal como fez em seu primeiro mandato", afirmou, nesta quarta, sua porta-voz, Karoline Leavitt, em coletiva de imprensa.

"Esta administração acredita que estas tarifas alfandegárias vão proteger nossa segurança nacional e colocarão os trabalhadores americanos em primeiro lugar", acrescentou.

O ministro canadense das Finanças, Dominic LeBlanc, está em Washington para falar sobre as tarifas alfandegárias com o principal assessor econômico de Trump, Kevin Hassett, e o futuro secretário de Comércio americano, Howard Lutnick.

Trump impôs tarifas de 25% sobre todos os produtos procedentes do Canadá e do México em 1º de fevereiro, acusando os dois países de não fazerem o suficiente para combater a imigração ilegal e o tráfico de fentanil. Mas dois dias depois as suspendeu por um mês, ganhando tempo para negociar um acordo e em resposta às primeiras medidas adotadas por seus vizinhos.

Na semana passada, o México destinou 10.000 membros da Guarda Nacional ao longo dos 3.100 km da fronteira com os Estados Unidos e o Canadá nomeou um "czar do fentanil", entre outras medidas.

Desde 1994, os três países são parceiros em um acordo regional de livre comércio, que foi renegociado em 2020 a pedido de Trump em seu primeiro mandato (2017-2021) e deve ser revisto em 2026.

Acompanhe tudo sobre:Donald TrumpMéxicoCanadáEstados Unidos (EUA)Tarifas

Mais de Mundo

Justiça dos EUA autoriza retomada de programa de demissões voluntárias do governo Trump

Trump deve anunciar 'tarifas recíprocas' nesta quinta

Governo Trump processa Nova York, estado 'santuário' de imigrantes

Presidente do Fed ressalta independência da entidade diante do apelo de Trump por juros mais baixos