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EUA planejam designar houthis como grupo terrorista em meio a escalada de tensões no Mar Vermelho

Medida permitiria impor sanções aos rebeldes iemenitas em um momento em que companhias de navegação suspendem o tráfego naval pela área

Contudo, a designação deve diminuir o canal de comunicação entre Washington e Sanaa (Khaled Ziad/AFP)

Contudo, a designação deve diminuir o canal de comunicação entre Washington e Sanaa (Khaled Ziad/AFP)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 17 de janeiro de 2024 às 09h01.

Em meio à troca de hostilidades na região do Mar Vermelho — uma das frentes mais visíveis da internacionalização do conflito entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza — os Estados Unidos se preparam para designar o grupo rebelde houthi, do Iêmen, como uma organização terrorista global, em um momento em que as ofensivas limitam cada vez mais a navegação em uma das rotas comerciais mais importantes do mundo.

De acordo com um oficial da administração do presidente Joe Biden, ouvido pelo jornal americano The New York Times, os EUA passarão a classificar os houthis como um grupo "terrorista global especialmente designado" a partir de fevereiro. O oficial falou na condição de anonimato para discutir um plano que ainda não foi anunciado oficialmente pelo governo americano.

Ainda segundo a mesma fonte, a designação deve bloquear o acesso do grupo ao sistema financeiro global , além de outras sanções. Se confirmada, a inclusão dos houthis na lista de terrorismo seria um recuo da administração Biden, que revogou nomeações similares feitas pelo Gabinete de Donald Trump, pouco antes de deixar a Casa Branca, em 2021.

"Grupo terrorista especialmente designado"

Além de "grupo terrorista especialmente designado", o governo do republicano havia imposto também a designação de “organização terrorista estrangeira” — passo adicional que facilitava processar criminalmente qualquer pessoa que fornecesse conscientemente aos houthis dinheiro, suprimentos, treinamento ou outro “apoio material”.

A designação mais severa preocupa sobretudo grupos de assistência humanitária, que atuam para aliviar a crise provocada pela guerra civil que entrou no 9º ano. A preocupação é que o envio de suprimento para áreas do Iêmen controladas pelo grupo seja comprometido, por medo de responsabilização criminal ou outras penalidades dos EUA.

O rótulo menos severo também pode ter implicações para os planos de pacificação na região. O governo Biden conseguiu, anteriormente, diminuir a pressão na região e manter o conflito em uma trégua moderada. Contudo, a designação deve diminuir o canal de comunicação entre Washington e Sanaa.

Escalada do conflito no Oriente Médio

As medidas americanas ocorrem na esteira de uma intensificação do conflito no Oriente Médio, após EUA e houthis trocarem agressões, por meio de ataques aéreos, desde o fim da semana passada. Washington diz que bombardeou instalações militares e bases de lançamentos de mísseis e drones dos rebeldes, mas que seus ataques não comprometeram definitivamente as capacidades do grupo. Os houthis, nos últimos dias, bombardearam mais navios de transporte de carga ocidentais, incluindo um de propriedade de uma empresa americana.

Para o comércio global, a ameaça houthi já tem efeitos práticos. Ontem, grandes companhias de seguros de navios anunciaram que que vão buscar exclusões das coberturas a embarcações mercantes dos EUA e do Reino Unido contra riscos de ataques ao navegarem na parte sul do Mar Vermelho. Hoje, as três principais companhias de navegação japonesas (Nippon Yusen, Kawasaki Kisen Kaisha e Mitsui O.S.K Lines) anunciaram a suspensão de suas rotas na região.

A rota alternativa para o comércio é o Cabo da Boa Esperança, no extremo sul da África. A mudança, porém, alonga consideravelmente as viagens e dilata os prazos de entrega, representando também um aumento de custo para as transportadoras — e, consequentemente, nas taxas de frete.

Falando no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, na terça-feira, Jake Sullivan, o conselheiro de segurança nacional dos EUA, disse que era importante sinalizar que “o mundo inteiro rejeita por completo a ideia de que um grupo como os houthis possa basicamente sequestrar o mundo, como eles estão fazendo.”

(Com NYT e AFP)

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