Venezuela: "Constatei que muitos deles desligaram seus celulares", reconheceu Abrams (Carlos Jasso/Reuters)
EFE
Publicado em 1 de maio de 2019 às 12h41.
Última atualização em 1 de maio de 2019 às 13h50.
Washington -O enviado dos Estados Unidos para a Venezuela, Elliott Abrams, afirmou nesta quarta-feira que perdeu o contato com alguns funcionários de alto escalão do governo do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que supostamente estavam negociado com a oposição a saída do governante.
"Constatei que muitos deles desligaram seus celulares", reconheceu Abrams em entrevista à Agência Efe.
O governo dos EUA afirmou ontem que três figuras-chave do chavismo, o ministro da Defesa, Vladímir Padrino; o presidente do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), Maikel Moreno, e o comandante da Guarda de Honra Presidencial, Iván Rafael Hernández Dala, negociaram com a oposição para romper com Maduro e respaldar Juan Guaidó, reconhecido como presidente por 54 países.
Quando perguntado se Padrino, Moreno e Hernández Dala são os que estão com o celular desligado, Abrams se limitou a responder: "Me refiro a muita gente nos altos níveis do governo venezuelano".
Abrams explicou que esses três altos cargos do chavismo participaram de negociações com a oposição, das quais assegura que os EUA não participaram e onde foi pactuada uma transição política com "garantias para respeitar a dignidade de gente como Maduro para que pudessem sair com honra".
"Falaram, falaram e falaram e quando chegou o momento da ação não estiveram dispostos a fazer", criticou Abrams em referência a Padrino, Moreno e Hernández Dala.
"Por que? Qual foi o papel dos russos, qual foi o papel dos cubanos? Estamos tentando averiguar agora respostas a essas perguntas, mas sabemos que houve algumas detenções de líderes da inteligência e do corpo militar", comentou Abrams.
O governo venezuelano não confirmou a detenção de nenhum líder militar ou de inteligência devido ao levante liderado ontem por Guaidó e que se traduziu em maciças manifestações nas quais uma pessoa morreu e cerca de 80 ficaram feridas, entre elas oito agentes das forças de segurança leais a Maduro.
"O que penso é que, a partir de agora, Maduro deve saber que não tem o apoio daqueles que o prometeram e inclusive se colocam ao seu lado. Agora, cada um deles, sabe que ele precisa sair", ressaltou Abrams.