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EUA pedem eleições antecipadas na Nicarágua

País sofre com protestos que explodiram pela proposta de reforma do sistema de aposentadorias, mas derivaram reivindicação pela saída de presidente Ortega

Nicarágua: Estados Unidos já restringiram emissão de vistos a funcionários nicaraguenses e sancionou três pessoas próximas ao presidente do país (Oswaldo Rivas/Reuters)

Nicarágua: Estados Unidos já restringiram emissão de vistos a funcionários nicaraguenses e sancionou três pessoas próximas ao presidente do país (Oswaldo Rivas/Reuters)

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AFP

Publicado em 16 de julho de 2018 às 20h35.

Os Estados Unidos pediram nesta segunda-feira (16) ao presidente Daniel Ortega na Nicarágua o fim "imediato" da repressão de protestos opositores e que atenda às reivindicações dos manifestantes, estimulando a realização de eleições antecipadas como saída para a crise que deixa mais de 280 mortos em três meses.

"Pedimos a Ortega que pare imediatamente a repressão contra o povo da Nicarágua", disse a porta-voz do Departamento de Estado, Heather Nauert.

"As eleições antecipadas, livres, justas e transparentes são o melhor caminho para a democracia e o respeito aos direitos humanos na Nicarágua", acrescentou em comunicado, no qual pediu a Ortega que ouça as reivindicações do povo nicaraguense por reformas democráticas.

Nauert condenou os "contínuos ataques" das forças parapoliciais de Ortega contra estudantes universitários, jornalistas e clérigos, assim como a "detenção arbitrária" dos líderes da opositora Aliança Cívica, integrada por estudantes, empresários, camponeses e outros membros da sociedade civil.

"Cada vítima a mais desta campanha de violência e intimidação mina a legitimidade de Ortega", advertiu.

Os Estados Unidos, que já restringiram a emissão de vistos a funcionários nicaraguenses e sancionou três pessoas próximas a Ortega por abusos dos direitos humanos e corrupção, "continuará expondo e responsabilizando os autores da campanha de violência e repressão do governo", assinalou Nauert.

A Nicarágua sofre desde 18 de abril com protestos que explodiram pela proposta do governo de reforma do sistema de aposentadorias, mas derivaram em uma reivindicação para exigir a saída de Ortega e de sua esposa e vice-presidente, Rosario Murillo, a quem acusam de instaurar uma ditadura.

Ortega, ex-guerrilheiro sandinista de 72 anos que governa desde 2007 pelo terceiro mandato consecutivo, já descartou adiantar as eleições de 2021 para 2019, como foi proposto pela Igreja Católica em seu papel de mediadora do suspenso diálogo entre o governo e a Aliança Cívica.

Washington impulsiona uma resolução na Organização dos Estados Americanos (OEA), copatrocinada por Argentina, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica e Peru, que insta o governo de Ortega a fortalecer as instituições democráticas e apoiar eleições antecipadas em acordo com a oposição.

A pedido desses países, o conselho permanente da OEA, que já analisou a situação na Nicarágua na quarta-feira (11) e na sexta-feira (13), voltará a tratar o assunto na quarta-feira (18) às 11h00 (12h00 de Brasília), em uma sessão extraordinária convocada nesta segunda-feira.

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