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EUA mostram-se cautelosos sobre intervenção militar na Líbia

A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, assumiu que não descarta opção de intervenção militar, mas prega cautela

A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton

A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton

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Da Redação

Publicado em 2 de março de 2011 às 22h14.

Washington - Os Estados Unidos mostraram-se cautelosos nesta quarta-feira em relação a uma intervenção militar na Líbia, mas insistiram em "não descartar nenhuma opção", enquanto o regime de Muamar Khadafi prosseguir a repressão aos manifestantes, que exigem sua saída do poder.

Em discurso no Senado, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, advertiu que qualquer tipo de ação americana para ajudar os opositores a Muamar Khadafi poderia causar "controvérsia" tanto na Líbia quanto nos países vizinhos da comunidade árabe.

Hillary Clinton afirmou que compreende o desejo da oposição líbia de "resolver o assunto por conta própria", buscando formas de derrotar Khadafi e suas forças na capital Trípoli e em outras áreas que controla.

Em discurso nesta quarta-feira, Khadafi advertiu que "milhares" de pessoas morreriam se o Ocidente interviesse para apoiar as revoltas contra ele.

Os 22 membros da Liga Árabe aprovaram resolução também nesta quarta-feira opondo-se a uma intervenção externa na Líbia, mas anunciando longo depois que poderiam considerar a possibilidade de criação de uma zona de exclusão aérea no país.

Em resposta a perguntas sobre o que está fazendo o governo Obama para lutar contra a Al-Qaeda e seus aliados na África, Hillary Clinton disse que "uma de nossas maiores preocupações é que a Líbia entre no caos, transformando-se numa Somália gigante".

"Não é algo que possa ser visto agora, mas grande parte dos ativistas do Afeganistão e, depois, do Iraque, vieram da Líbia e do Leste da Líbia, a área que agora se autoproclama liberada", acrescentou.

Em declarações ao Senado, Hillary Clinton destacou as afirmações dos líderes americanos de defesa para os quais ainda não há consenso na Otan sobre uma intervenção militar. E que o estabelecimento de uma zona de exclusão aérea seria "extraordinariamente" complexa.

"Há uma grande dose de cautela sobre qualquer tipo de ação envolvendo outra questão que não seja um apoio a missões humanitárias", disse a chefe da diplomacia americana, em resposta a uma pergunta sobre as opções militares para a Líbia.

Hillary Clinton recordou como o governo do ex-presidente Bill Clinton, seu marido, enfrentou um dilema militar semelhante nos Bálcãs, em 1990, até decidir por uma zona de exclusão aérea como forma de ajudar a manter a paz e a estabilidade.

Em relação à Líbia, Hillary Clinton disse ao Comitê de Relações Exteriores do Senado: "Acho que estamos longe de tomar uma decisão".

Apesar da cautela, acrescentou:

"Não descartamos nenhuma opção, enquanto o governo líbio continuar a atacar seu próprio povo".

Se os Estados Unidos e as forças da Otan impuserem uma zona de exclusão aérea, Washington e as forças aéreas aliadas poderão garantir, deste modo, que aviões de guerra de Khadafi e seus helicópteros não ataquem a oposição líbia.

Já o Senado americano tomou uma resolução unânime e simbólica pedindo ao mundo que considere a imposição de uma zona de exclusão aérea na Líbia com John Kerry, líder democrata no Senado, apoiando a moção nesta quarta-feira.

"Una zona de exclusão aérea não é proposta de longo prazo e deveríamos estar preparados para pô-la em prática se necessário", disse Kerry.

Enquanto isto, dois navios de guerra americanos, o USS Kearsage e o USS Ponce, zarparam nesta quarta-feira no Mediterrâneo em direção à Líbia, segundo autoridades do Canal de Suez.

O grupo anfíbio do Kearsage, com 800 marines, uma frota de helicópteros e material médico, poderia apoiar os esforços humanitários, assim como as operações militares.

Ellio Abrams, um funcionário do governo do ex-presidente George W. Bush disse que entendia o porquê de "uma grande resistência (americana) para empreender qualquer tipo de ação militar de intervenção", embora defenda o estabelecimento de uma zona de proteção aérea.

"A intervenção direta privará o povo líbio do que tiveram os egípcios e os tunisianos ao derrotar os regimes ditatoriais sem a intervenção externa: a sensação de controle do destino da própria nação", acrescentou.

"Mas deixar que Khadafi ganhe esta guerra, prevaleça no poder, e se vingue de todos os inimigos é simplesmente inaceitável", escreveu Abrams em seu blog do Conselho de Relações Exteriores, do qual é analista.

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