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EUA mobilizam aliados contra jihadistas

Governo da Síria, no entanto, advertiu os Estados Unidos sobre ataques realizados sem o seu consentimento

O secretário de Estado americano, John Kerry: ele tenta mobilizar aliados dos EUA  para combater o Estado Islâmico (Brendan Smialowski/AFP)

O secretário de Estado americano, John Kerry: ele tenta mobilizar aliados dos EUA para combater o Estado Islâmico (Brendan Smialowski/AFP)

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Da Redação

Publicado em 11 de setembro de 2014 às 15h09.

Jidá - O secretário de Estado americano, John Kerry, encontrava-se na Arábia Saudita nesta quinta-feira para mobilizar os aliados dos Estados Unidos na região para combater o Estado Islâmico (EI) no Iraque e na Síria, mas Damasco advertiu sobre ataques sem o seu consentimento.

O anúncio de quarta-feira do presidente americano, Barack Obama, de ampliar a ação contra o EI do Iraque para a Síria mudou a dimensão do conflito.

O Iraque e a oposição síria, principais beneficiários da ajuda americana para combater o grupo sunita extremista responsável por ataques atrozes, celebraram o anúncio de Obama, mas o governo sírio advertiu que uma ação "sem o consentimento do governo sírio seria um ataque à Síria".

"Nosso objetivo é claro: vamos rebaixar e destruir o EI", uma "organização terrorista que não tem outra visão que o massacre de todos os que se opõem a ela", disse Obama em um discurso na quarta-feira à noite, véspera do aniversário dos atentados de 11 de setembro.

"Não hesitarei em atuar contra o EI na Síria e no Iraque", completou.

O presidente americano segue descartando, no entanto, o envio de tropas terrestres.

Washington também reforçará o exército iraquiano e enviará mais ajuda militar aos rebeldes sírios moderados.

Obama anunciou ainda uma "ampla coalizão para aniquilar a ameaça terrorista", principalmente com os sócios dos Estados Unidos no Oriente Médio, cada vez mais preocupados com o avanço do EI, que declarou um "califado" entre a Síria e o Iraque.

Plano em prática

A reunião entre Kerry e seus colegas das monarquias do Golfo (Arábia Saudita, Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Omã, Catar), Líbano, Egito, Jordânia, Iraque e Turquia em Jidá pretende definir o modo de aplicar o plano americano.

Washington pretende reforçar as bases no Golfo e aumentar os voos de vigilância, segundo uma fonte do Departamento de Estado. A Arábia Saudita será um "elemento chave da coalizão por seu tamanho, peso econômico e alcance religioso com os sunitas", disse.

"A Turquia não participará em nenhuma operação armada, mas se concentrará totalmente nas operações humanitárias", confirmou à AFP uma fonte governamental que pediu anonimato, antes de indicar que Ancara poderia autorizar o uso da base militar de Incirlik para operações logísticas.

Vários países europeus também ofereceram apoio aos Estados Unidos. O presidente francês, François Hollande, viajará na sexta-feira ao Iraque e o país pode participar nos ataques aéreos neste país "se for necessário".

O primeiro-ministro britânico David Cameron não descartou a possibilidade de a Grã-Bretanha se unir aos bombardeios contra o Estado Islâmico na Síria, segundo um porta-voz, corrigindo assim as declarações anteriores do chanceler Philip Hammond, que assegurou que seu país não se somaria aos ataques.

Advertências sobre os ataques

O governo do Iraque elogiou o anúncio de que o governo americano enviará 475 conselheiros militares a mais ao país para formar e ajudar as forças curdas e iraquianas.

Até o momento, Obama havia insistido em virar a página após 10 anos de guerra no Iraque, de onde as tropas americanas saíram em 2011.

Desde 8 de agosto aconteceram mais de 150 ataques aéreos, que foram determinantes para permitir ao exército recuperar territórios controlados pelo EI.

Na Síria, a posição de Washington é mais delicada, pois enfrenta um inimigo comum ao presidente Bashar al-Assad.

A Coalizão Nacional da oposição síria saudou o anúncio e pediu ações contra o governo de Assad, por considerar sua queda uma condição necessária para uma "região estável e sem extremistas".

Mas o ministro sírio da Reconciliação Nacional, Ali Haidar, afirmou que "qualquer ação de qualquer tipo sem o consentimento do governo seria um ataque à Síria".

"É necessário cooperar e coordenar com a Síria e obter seu aval para qualquer ação em seu território, seja militar ou não".

Para a Rússia, "sem uma decisão apropriada do Conselho de Segurança da ONU, uma iniciativa deste tipo constituiria um ato de agressão, uma violação flagrante do direito internacional".

Nesta quinta-feira, os 45 capacetes azuis sequestrados em 28 de agosto nas Colinas de Golã na Síria foram libertados, segundo a ONU.

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