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Resultado nas eleições americanas: "onda vermelha" dos republicanos não se concretiza

Apuração dos votos nas eleições de meio de mandato nos EUA, as chamadas midterms, começou na noite de terça-feira, 8, e ainda não acabou. Resultado define o controle no Congresso

Votação nos EUA (foto de arquivo): eleições de meio de mandato foram realizadas na terça-feira, 9 (Rachel Mummey/Bloomberg)

Votação nos EUA (foto de arquivo): eleições de meio de mandato foram realizadas na terça-feira, 9 (Rachel Mummey/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 9 de novembro de 2022 às 06h56.

Última atualização em 9 de novembro de 2022 às 17h37.

A quarta-feira, 9, é de repercussão nos resultados das eleições de meio de mandato (as chamadas midterms) nos EUA. A apuração começou ainda na noite de terça-feira, 8, após o fechamento das urnas, com disputa para parte das vagas no Senado e todas as cadeiras na Câmara.

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Até o fim da tarde desta quarta-feira, 380 de 435 cadeiras da Câmara já haviam sido decididas. Até o momento, eram 205 republicanos e 176 democratas eleitos.

Já no Senado, foram confirmadas 48 cadeiras para cada lado.

Faltam ainda os vencedores em quatro estados no Senado: Arizona, Nevada, Alaska e Geórgia (nesse último, já foi confirmado que haverá segundo turno, em dezembro). Mesmo com os resultados atuais, sem as cadeiras que faltam, os democratas já superaram no Senado as projeções médias: o agregador do site FiveThirtyEight projetava em média só 42 cadeiras (veja abaixo). 

O Partido Republicano, do ex-presidente Donald Trump e tido como mais à direita no espectro americano, era o favorito para conquistar maioria na Câmara e possivelmente no Senado, em uma derrota para o Partido Democrata do presidente Joe Biden.

Porém, tanto a dianteira na Câmara quanto o resultado no Senado caminham para terminar abaixo das expectativas. Vitórias como a do democrata John Fetterman, vice-governador da Pensilvânia eleito para o Senado (e que conseguiu virar um assento que era republicano no estado), indicam que os democratas podem terminar não tendo sido tão afetados pela "onda vermelha" prometida nas pesquisas eleitorais.

São eleitos nas eleições de meio de mandato nos EUA:

  • Todas as 435 cadeiras na Câmara;
  • Cerca de um terço das cadeiras no Senado, que tem 100 vagas. Neste ano, serão 34 senadores eleitos.

Em alguns estados, também houve eleição para governador nas midterms, além de outras votações e referendos sobre temas locais. Neste ano, houve eleições para 36 governadores. A eleição já começou mesmo antes de terça-feira, com mais de 40 milhões de votos antecipados e envio de cédulas pelo correio, o que é permitido no país.

As midterms são assim chamadas porque ocorrem quase na metade do mandato do presidente dos EUA. Joe Biden, por exemplo, foi eleito em novembro de 2020 e tomou posse em 2021. Na eleição que acompanha a presidencial, é renovado a outra parcela do Senado e, novamente, toda a Câmara. 

O que diziam as pesquisas

O agregador de pesquisas do site FiveThirtyEight, referência em estatísticas sobre as eleições americanas, estimava na véspera da eleição na segunda-feira, 7, as seguintes projeções:

  • A probabilidade de os republicanos ganharem maioria na Câmara era de 84%;
  • No Senado, a probabilidade era de 58%.

Na média das projeções:

  • Na Câmara, seriam cerca de 230 republicanos e 205 democratas;
  • Hoje, são 213 republicanos e maioria de 222 democratas;
  • No Senado, seriam 58 republicanos e 42 democratas;
  • Hoje, são 50 republicanos e 50 democratas.

O Partido Democrata do presidente Joe Biden hoje tem maioria na Câmara e margem de somente um voto no Senado, uma vez que a vice-presidente do país, neste caso, a democrata Kamala Harris, também tem direito a voto para além dos 100 senadores.

Inflação, aborto e volta de Trump são temas da eleição

O resultado dos democratas nas eleições é influenciado sobretudo pela insatisfação com a inflação, grande foco do eleitorado neste ano. O CPI, principal índice inflacionário americano, bateu 8,2% em setembro, em queda frente aos mais de 9% que atingiu em meses anteriores, mas ainda em um dos maiores patamares em 40 anos.

A dez dias da votação, a inflação era prioridade de 46% dos americanos, em alta frente aos 37% um mês antes, de acordo com sondagem do Instituto de Pesquisa da Universidade de Monmouth.

Apesar do desemprego muito baixo nos EUA (que vive situação de "pleno emprego"), o cenário de inflação fez despencar a popularidade do presidente Joe Biden, que hoje supera 50% de desaprovação na maioria das pesquisas. A aprovação baixa respinga em todo o Partido Democrata, o que deve levar à perda de cadeiras prevista nas midterms.

Na outra ponta, temas como direito ao aborto (revogado neste ano pela Suprema Corte, de maioria conservadora) também estavam na pauta dos eleitores. Democratas tentaram convencer eleitores independentes a votar no partido como garantia de passar, via Congresso, pautas progressistas nos costumes.

O resultado das eleições legislativas impõe barreira adicional ao restante do governo Biden, que permanece até 2024. Nos primeiros dois anos de mandato, Biden sofreu para aprovar projetos de campanha devido a uma maioria estreita dos democratas no Congresso, e terminou entregando propostas muito menos ousadas do que as prometidas em frentes como tributação, renda e infraestrutura. Agora, com representação republicana ainda maior, o temor entre os democratas é que o restante do governo Biden fique amplamente prejudicado, com dificuldade em passar qualquer projeto significativo.

Além disso, as eleições legislativas podem ajudar a definir o papel do ex-presidente Donald Trump, inclusive fortalecendo sua candidatura para voltar a disputar a presidência em 2024.


*Esta reportagem foi atualizada às 17h26 para incluir novos resultados da apuração das eleições americanas. 

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