Nicolás Maduro, presidente da Venezuela (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Agência de notícias
Publicado em 20 de dezembro de 2023 às 17h55.
Última atualização em 20 de dezembro de 2023 às 18h07.
O governo dos Estados Unidos e a ditadura chavista na Venezuela concluíram nesta quarta-feira, 20, uma troca de prisioneiros que levará à libertação de Alex Saab, um empresário ligado a Nicolás Maduro e investigado por receber um suborno de US$ 350 milhões num esquema de corrupção na importação de cestas básicas. Em troca, dez americanos e o empreiteiro conhecido como "Fat Leonard", um fugitivo da Justiça americana, serão libertados.
O acordo dá sequência à reaproximação entre Estados Unidos e Venezuela iniciada neste ano com o levantamento de parte das sanções ao petróleo venezuelano em troca da realização de eleições livres no país.
A libertação de Saab, uma das peças principais no esquema de coação eleitoral de Maduro na Venezuela, é uma concessão significativa da Casa Branca, e, segundo analistas, indica que A retórica belicista de Maduro em relação à anexação do Essequibo, na vizinha Guiana, não influenciou por enquanto a reaproximação entre Washington e Caracas.
"Às vezes temos de tomar decisões difíceis", explicou o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby.
A troca também deve irritar a ala mais radical da oposição ao chavismo, que tem criticado a Casa Branca por reatar laços com o governo Maduro.
Em 2024, Maduro deve disputar um terceiro mandato. Apesar do acordo com os Estados Unidos, o governo venezuelano barrou a candidatura de sua principal opositora, María Corina Machado, vencedora das primárias de novembro.
Na ocasião, o Tribunal Superior de Justiça, repleto de partidários de Maduro, suspendeu todo o processo de eleições primárias da oposição. O procurador-geral abriu investigações criminais contra alguns dos organizadores. Maduro, o líder da Assembleia Nacional, Jorge Rodriguez, e outros aliados insistiram que a votação foi fraudulenta e contestaram a participação de mais de 2,4 milhões de pessoas
Apesar disso, Biden disse que a reaproximação com Caracas vai bem. "Parece que Maduro, até agora, está a manter o seu compromisso com uma eleição livre. Ainda não está feito. Há um longo caminho a percorrer", disse o democrata.
Saab, de 51 anos, foi preso em 2020, em Cabo Verde, a caminho do Irã, para onde foi enviado para negociar acordos petrolíferos em nome do governo de Maduro. As acusações dos EUA eram de conspiração para cometer lavagem de dinheiro ligada a um esquema de suborno que supostamente desviou US$ 350 milhões por meio de contratos estatais para a construção de moradias populares para o governo da Venezuela.
Saab foi anteriormente sancionado pelo Departamento do Tesouro dos EUA por alegadamente ter gerido um esquema de corrupção que beneficiava aliados próximos de Maduro e roubou centenas de milhões de dólares de contratos de importação de alimentos, em meio à crise de escassez que afetou a Venezuela na última década.
O acordo de hoje também exige que o governo de Maduro liberte 21 venezuelanos, incluindo Roberto Abdul, que foi cofundador de um grupo pró-democracia com Maria Corina há mais de duas décadas.
Entre os americanos atrás das grades na Venezuela estão dois ex-Boinas Verdes, Luke Denman e Airan Berry, que estiveram envolvidos numa tentativa de destituir Maduro em 2019. Também estão detidos Eyvin Hernandez, Jerrel Kenemore e Joseph Cristella, acusados de entrar ilegalmente na Venezuela vindos da Colômbia.
Os EUA realizaram várias trocas com a Venezuela nos últimos anos. O mais notável foi um acordo em outubro de 2022 para sete americanos, incluindo cinco executivos de petróleo da Citgo, com sede em Houston, em troca da libertação de dois sobrinhos da esposa de Maduro presos nos EUA por acusações de narcotráfico.