Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 5 de março de 2025 às 15h06.
Última atualização em 5 de março de 2025 às 16h28.
A Casa Branca anunciou nesta quarta-feira, 5, que adiará até 2 de abril a imposição de tarifas de 25% sobre automóveis que entram nos EUA vindos do México e do Canadá, isso depois que o presidente Donald Trump conversou com os três maiores fabricantes americanos que montam veículos nos dois países vizinhos. Nesta semana, Trump impôs uma tarifa de 25% sobre a maioria dos produtos vindos desses países.
O atraso foi confirmado após uma reunião de Trump com líderes das montadoras Ford, GM e Stellantis nesta quarta. Segundo o relato das empresas, as tarifas aumentariam os preços e afetariam a cadeia de suprimentos.
Mais cedo, o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, sugeriu a possibilidade de um alívio para setores como o automotivo. "Algumas categorias permanecerão sob a taxa, enquanto outras poderão ser isentas. Pode ser o setor automotivo, pode ser outro", afirmou em entrevista à Bloomberg Television.
Lutnick explicou que as tarifas fazem parte de um esforço para conter o fluxo de fentanil para os EUA. Além disso, um conjunto mais amplo de medidas comerciais será anunciado em 2 de abril. Produtos que forem beneficiados com alívio agora podem ser incluídos na nova revisão tarifária.
"Haverá tarifas — sejamos claros — mas o que ele [Trump] está considerando é quais setores do mercado talvez recebam algum alívio até chegarmos, claro, a 2 de abril", disse Lutnick. "Acho que ficará em algum ponto intermediário."
Após as declarações de Lutnick e a notícia veiculada pela Bloomberg, as ações das montadoras dispararam. A GM subiu 6% às 12h03 em Nova York, enquanto a Ford avançou cerca de 4,5% e a Stellantis teve alta superior a 8,1%.
Quanto ao anúncio de 2 de abril sobre tarifas recíprocas com os parceiros comerciais dos EUA, Lutnick afirmou que algumas tarifas "podem entrar imediatamente, e outras podem levar semanas ou até um ou dois meses para entrarem em vigor."
O secretário minimizou os dados econômicos recentes, que indicam impacto negativo das políticas de Trump sobre empresas e consumidores. "Vocês estão olhando para dados de Biden", afirmou, sugerindo que o ex-presidente Joe Biden deixou a economia em más condições.
De acordo com um relatório do Instituto de Gestão de Suprimentos, a indústria americana se aproximou da estagnação neste mês, com contração nos pedidos e no emprego.
Lutnick apontou ainda os anúncios de grandes investimentos, como os feitos pela Apple e pela TSMC (Taiwan Semiconductor Manufacturing Co.), de bilhões de dólares nos EUA, como sinais de que as políticas de Trump estão estimulando confiança na economia, em vez de gerar incerteza entre os empresários. "Você vê os investimentos, há trilhões de dólares de manufatura se mudando para os EUA, isso significa que a cavalaria está chegando", destacou.
O secretário também previu uma queda acentuada nos custos de empréstimos nos EUA, à medida que a administração Trump reduz os gastos federais. "As taxas de juros vão cair drasticamente", afirmou, impulsionando o mercado imobiliário. "Você vai ver — o maior mercado de ações e a maior economia nos Estados Unidos da América."