Soldados no Afeganistão: retirada começa em julho (US Air Force/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 9 de junho de 2011 às 18h37.
Washington - O atual diretor da CIA e futuro secretário da Defesa americano, Leon Panetta, participou nesta quinta-feira de uma audiência no Senado que deve confirmá-lo no cargo, defendendo uma retirada significativa do Afeganistão em julho - uma posição diferente da de Robert Gates, a quem deve substituir.
O ritmo de retirada americana do Afeganistão, que deve começar em julho, é a única dissonância com Robert Gates, que porá fim às funções no final de junho, após quatro anos e meio na direção do Pentágono, onde sua ação foi saudada por republicanos e democratas.
Ao contrário de Gates, favorável a uma retirada "modesta" de 3.000 a 5.000 soldados em julho, seu sucessor - que ainda depende de uma confirmação do Senado - se alinha ao lado do presidente Barack Obama.
"Apoio a declaração do presidente" de uma retirada "significativa" do Afeganistão, declarou.
O general David Petraeus, comandante das forças internacionais no país, deve apresentar nos próximos dias suas recomendações ao presidente sobre a ampliação da retirada. Cerca de 100.000 soldados americanos estão mobilizados no país.
Cercado de sucesso na CIA depois da morte de Osama Ben Laden, Panetta, de 73 anos, não encontra nenhuma dificuldade entre os senadores para a aprovação de seu nome.
A questão da retirada é politicamente sensível, num momento em que uma enquete para a CNN, publicada nesta quinta-feira, mostra que 62% dos americanos se opõem ao conflito e que três quartos deles desejam a retirada parcial ou global dos soldados americanos no país, o que representa um aumento de 10 pontos em um mês.
Leon Panetta foi recebido, antes da audiência na comissão de Defesa do Senado, por uma manifestação de pacifistas, vestidos de rosa e levantando cartazes nos quais podia-se ler "Não à guerra no Afeganistão".
Para o diretor da CIA, a retirada deve ser feita em função das condições no terreno porque se a segurança melhorou, a situação ainda permanece "frágil e sujeita a mudanças". Importantes esforços devem ainda ser feitos para que o governo afegão possa arcar com a gestão da segurança no país, após 2014, segundo ele.
Mas "nada podemos conseguir no Afeganistão se não tivermos sucesso no Paquistão" onde uma parte dos rebeldes e dos militantes da Al-Qaeda dispõem sempre de seus santuários, preveniu.
O Paquistão foi acusado com veemência de fazer jogo duplo na luta contra a Al-Qaeda, quando os americanos souberam que seu chefe se escondia aí impunemente, mas "devemos manter a relação" com Islamabad, afirmou Panetta.
Embora "complicada e frustrante", "a cooperação com o Paquistão é essencial porque estamos em guerra com nosso principal inimigo nas zonas tribais, em seu país", explicou, fazendo referência ao noroeste do Paquistão, santuário da Al-Qaeda.