Mullah Abdul Ghani Baradar, da delegação do Talibã, e Zalmay Khalilzad, enviado dos EUA: acordo de paz assinado (Ibraheem al Omari/Reuters)
João Pedro Caleiro
Publicado em 29 de fevereiro de 2020 às 11h29.
Última atualização em 29 de fevereiro de 2020 às 13h01.
São Paulo - Os Estados Unidos assinaram um acordo com os insurgentes do Talibã neste sábado (29) em Doha, capital do Catar, que pode abrir caminho para a retirada de tropas estrangeiras do Afeganistão.
A assinatura foi entre o enviado especial americano, Zalmay Khalilzad, e o chefe político do Taliban, Mullah Abdul Ghani Baradar, com a presença do secretário de Estado americano, Mike Pompeo.
Os Estados Unidos disseram que estão comprometidos em reduzir o número de suas tropas no Afeganistão para 8.600 - do número atual de 13 mil- dentro de 135 dias após a assinatura do acordo e que estão trabalhando com seus aliados para reduzir proporcionalmente o número de coalizões no Afeganistão durante esse período, se os talibãs cumprirem seus compromissos.
Uma retirada total de todas as forças dos EUA e da coalizão ocorrerá dentro de 14 meses após a assinatura do acordo, se o Taliban se mantiver no acordo, disse o comunicado conjunto.
O secretário de Defesa dos EUA, Mark Esper, disse que, embora o acordo seja um bom passo, o caminho a seguir não será fácil.
"Este é um momento de esperança, mas é apenas o começo. O caminho a seguir não será fácil. Alcançar uma paz duradoura no Afeganistão exigirá paciência e compromisso entre todas as partes", disse Esper, que se encontrou com o presidente afegão, Ashraf Ghani, em Cabul, onde eles anunciaram uma declaração conjunta paralela ao acordo EUA-Taliban.
"Hoje é um dia monumental para o Afeganistão", disse a embaixada dos EUA em Cabul no Twitter. "Trata-se de fazer a paz e criar um futuro melhor e comum. Estamos com o Afeganistão". Em entrevista coletiva na cidade, o presidente Ghani disse que "o país está ansioso por um cessar-fogo completo".
O acordo estava sendo negociado há anos, mas ainda há ceticismo sobre sua efetividade e especialistas apontam que há um risco em dar legitimidade internacional ao Talibã.
A saída das tropas vai na direção da promessa de menor intervencionismo e fim das guerras no Oriente Médio feita pelo presidente americano Donald Trump, que tenta a reeleição em novembro.
Os americanos estão no Afeganistão desde a invasão de 2001, feita para retirar o Talibã do poder em reação aos ataques do grupo em solo americano no 11 de setembro.
(Com Abdul Qadir Sediqi e Alexander Cornwell, da Reuters)