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EUA evitam impasse jurídico com a morte de Bin Laden

"A Casa Branca deu sem dúvida um suspiro de alívio assim que Bin Laden foi abatido e não preso e evitou que seu julgamento virasse um circo", opinou Andrew Exum, ex-militar

Pessoas comemoram morte de Osama em Nova York (Mario Tama/Getty Images)

Pessoas comemoram morte de Osama em Nova York (Mario Tama/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 3 de maio de 2011 às 20h40.

Washington - A morte de Osama Bin Laden permitiu aos Estados Unidos evitar um processo jurídico que poderia favorecer a Al-Qaeda e gerar graves problemas para o presidente americano, Barack Obama, estimam analistas ouvidos pela AFP.

Bin Laden era procurado "vivo ou morto" e sua cabeça estava avaliada em 25 milhões de dólares americanos. Contudo, a imagem de um Bin Laden algemado e vestido com roupa de prisioneiro abriria uma "Caixa de Pandora" no processo jurídico do líder da Al-Qaeda, dizem analistas.

"A Casa Branca deu sem dúvida um suspiro de alívio assim que Bin Laden foi abatido e não preso", opinou Andrew Exum, ex-militar e membro de um centro de reflexão sobre a política norte-americana em matéria de segurança.

"Se Bin Laden tivesse sido capturado, o julgamento poderia ter se transformado em um circo, seu encarceramento teria se transformado num circo", acrescentou.

O caso de Saddam Hussein serviu de lição ao governo de Obama. Os discursos pronunciados pelo ex-líder do Iraque durante seu processo e as imagens de sua execução em 2006 lhe valeram a simpatia de numerosos muçulmanos sunitas no Oriente Médio.

Saddam se converteu assim em um "mártir do mundo árabe", sublinhou Exum. Os assassinatos políticos, tão frequentes durante a Guerra Fria, perderam progressivamente sua legimitidade na década de 1970. Contudo, depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, eles parecem estar retornando, desta vez sob o nome de "operações dirigidas", sem gerar grande oposição da opinião pública.


"É pouco provável que as pessoas se escandalizem pela decisão de matar Bin Laden ao invés de capturá-lo vivo", afirmou Joshua Keating, editor do portal na internet da revista Foreign Policy.

Supondo que Bin Laden tivesse sido capturado, era grande a possibilidade de que sua transferência para o presídio militar americano localizado na base de Guantánamo, na ilha de Cuba. Imediatamente surgiriam perguntas sobre seu processo. Ele deveria ir a julgamento civil ou militar? Em Guantánamo ou nos Estados Unidos? Estas são as mesma perguntas que Washington teria que solucionar e que na verdade continua resolvendo no caso de Khaled Sheikh Mohamed - que foi proclamado como o cérebro dos atentados de 11 de setembro- e de seus quatro cúmplices.

Nesta situação, o governo de Obama teria que, uma vez mais, enfrentar a oposição republicana, que nega aos suspeitos acusados de terrorismo um processo civil, assim como a oposição de esquerda, que se opõe aos processos militares para estes mesmo detentos.

"O objetivo principal e, de fato, o único objetivo desta operação, era capturar ou matar Osama Bin Laden. A possibilidade de que ele fosse capturado com vida também foi levada em conta", comentou uma alto funcionário do Pentágono.

A forma como o exército de defez se seu corpo - lançando-o ao mar -, permite evitar que seja construído para ele um túmulo que provavelmente se tornaria um lugar de peregrinação, analisam os especialistas.

Israel lançou mão do mesmo procedimento em 1962 para se desfazer do corpo do nazista alemão Adolf Eichmann, criminoso de guerra, logo após sua execução. Suas cinzas foram jogadas no Mar Mediterrâneo.

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