Crocus City Hall pega fogo após ataques terroristas de março (Sergei Vedyashkin/AFP)
Redação Exame
Publicado em 4 de abril de 2024 às 06h49.
O aviso dos EUA à Rússia antes de um ataque terrorista perto de Moscou foi específico: o Crocus City Hall era um alvo em potencial do grupo Estado Islâmico, de acordo com autoridades americanas.
O aviso tinha o local certo, mas o momento era impreciso, sugerindo que o ataque poderia ocorrer em poucos dias. De fato, o aviso público da Embaixada dos EUA em 7 de março alertava sobre possíveis ataques terroristas nos próximos dois dias. A notícia de que o aviso dos EUA especificou o alvo exato da violência foi relatada na terça-feira pelo The Washington Post.
Os terroristas invadiram o salão de concertos em 22 de março, matando 144 pessoas, no ataque mais mortal na Rússia em quase 20 anos. O grupo Estado Islâmico reivindicou a responsabilidade pelo ataque. Quatro homens do Tajiquistão assumiram a autoria do ato. Logo após o atentado, Moscou afirmou que a Ucrânia estava por trás dos ataques.
Os Estados Unidos trabalham para coletar informações de inteligência sobre possíveis ações do grupo Estado Islâmico e seu braço baseado no Afeganistão, o Estado Islâmico Khorasan.
Munidos dessas informações, os Estados Unidos puderam alertar tanto a Rússia quanto o Irã, adversários históricos de Washington, sobre alvos específicos que o grupo Estado Islâmico planejava atingir. Mas, em ambos os casos, os avisos não foram atendidos.
Segundo o New York Times, algumas autoridades ocidentais disseram que a Rússia deu "alguma atenção" ao aviso emitido pela estação da CIA em Moscou e tomou medidas para investigar a ameaça. Mas as novas informações levantam questões sobre por que a inteligência russa não manteve níveis mais altos de segurança. No momento do ataque, nenhuma medida de segurança adicional estava sendo adotada no local do evento.
As autoridades ocidentais disseram que, quando o ataque não se concretizou imediatamente, a Rússia pareceu ter baixado a guarda, possivelmente considerando falso o aviso dos EUA.
Na terça-feira, a agência de notícias estatal russa Interfax informou que Sergei Naryshkin, chefe do Serviço de Inteligência Estrangeira da Rússia, disse que o aviso dos EUA era "muito genérico" e, como resultado, não permitiu que as autoridades identificassem os possíveis agressores.