Mundo

EUA e Rússia tentam retomar plano de paz para a Síria

Para as Nações Unidas, um êxito nas negociações sobre a Síria entre Estados Unidos e Rússia representará "uma grande diferença em termos de ajuda humanitária"


	Kerry e Lavrov: Washington e Moscou tentam reativar o plano de paz do final de 2015
 (Kevin Lamarque/Reuters)

Kerry e Lavrov: Washington e Moscou tentam reativar o plano de paz do final de 2015 (Kevin Lamarque/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 9 de setembro de 2016 às 10h37.

O secretário de Estado americano, John Kerry, iniciou nesta sexta-feira, em Genebra, uma nova reunião com seu colega russo, Serguei Lavrov, para tentar chegar a um acordo sobre o conflito sírio, apesar dos reiterados fracassos dos últimos meses.

Para as Nações Unidas, um êxito nas negociações sobre a Síria entre Estados Unidos e Rússia representará "uma grande diferença em termos de ajuda humanitária", afirmou o enviado especial da ONU, Staffan de Mistura, que se encontra na Suíça acompanhando o desenrolar das conversações.

Washington e Moscou, que há cinco anos apoiam lados opostos em conflito que já deixou mais de 290.000 mortos e milhões de deslocados, tentam reativar o plano de paz do final de 2015 elaborado pela comunidade internacional, que inclui uma trégua duradoura, um plano de ajuda humanitária e um processo de transição política entre e a oposição moderada.

Depois de dois dias de reuniões por telefone e anúncios sobre um possível encontro cara a cara, Kerry finalmente chegou nesta sexta a Genebra, para se encontrar com Lavrov, que já se encontrava na cidade suíça.

No avião, os conselheiros que acompanham Kerry asseguram que ele não viajaria a Genebra se não houvesse uma possibilidade de progresso.

Programado para quinta e sexta-feiras, o encontro de Genebra havia sido anunciado na quarta pela parte russa, mas Washington se recusou até o último minuto a confirmar a viagem do secretário de Estado.

Kerry e Lavrov voltaram a se falar por telefone nesta quinta-feira, principalmente sobre uma possível "cooperação russo-americana com o objetivo de destruir os grupos ativos na Síria, ajudar a resolver os problemas humanitários e promover uma solução política no conflito sírio", segundo o Ministério russo das Relações Exteriores, que informou que a conversa ocorreu por iniciativa dos Estados Unidos.

Na quarta-feira, em Londres, a oposição síria apresentou um plano de transição política. A situação continua sendo muito complicada no país, principalmente em Aleppo (norte), onde as forças do regime, apoiadas pela aviação russa, conseguiram cercar totalmente os bairros rebeldes.

A primeira etapa do projeto da oposição síria prevê uma fase de seis meses em que "as duas partes negociadoras terão que se comprometer a respeitar uma trégua provisória" e com o retorno de milhares de deslocados e refugiados.

Durante a segunda etapa, que duraria 18 meses, a Síria seria comandada por um governo transitório, que iria requerer "a saída de Bashar al-Assad e seu grupo".

A terceira e última etapa permitiria consolidar as transformações através de "eleições locais, legislativas e presidenciais" organizadas "sob a supervisão e com o apoio técnico das Nações Unidas".

O plano retoma os passos estabelecidos em novembro de 2015 pelas grandes potências em Viena, mas que não fixava o destino de Bashar al-Assad.

O plano de transição foi apresentado pelo Alto Comitê de Negociações (ACN), que agrupa os principais representantes da oposição e da rebelião sírias e que mantém contato com uma parte dos países do Grupo de Amigos da Síria.

Entre eles estão os responsáveis pela diplomacia do Reino Unido, Turquia, Arábia Saudita, Catar, Itália, a União Europeia e França, enquanto os Estados Unidos conversarão com o ACN por vídeo-conferência.

"Essa reunião é muito importante porque conseguirão pontos de convergência para sair do 'lamaçal' sírio", comentou o ministro de Relações Exteriores francês, Jean-Marc Ayrault, na saída do encontro.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaEstados Unidos (EUA)EuropaJohn KerryONUPaíses ricosPolíticosRússiaSíria

Mais de Mundo

Votação antecipada para eleições presidenciais nos EUA começa em três estados do país

ONU repreende 'objetos inofensivos' sendo usados como explosivos após ataque no Líbano

EUA diz que guerra entre Israel e Hezbollah ainda pode ser evitada

Kamala Harris diz que tem arma de fogo e que quem invadir sua casa será baleado