"Essas 32.000 armas significam 17 milhões de cartuchos e cada cartucho pode matar alguém no México", apontou Marcelo Ebrard (Mongkol Nitirojsakul / EyeEm/Getty Images)
AFP
Publicado em 13 de outubro de 2022 às 16h09.
A cooperação de segurança entre os Estados Unidos e o México possibilitou a apreensão de 32 mil armas e toneladas de drogas em um ano, informou o chanceler mexicano, Marcelo Ebrard, nesta quinta-feira, 13, no início de uma reunião de alto nível em Washington.
O chamado Entendimento Bicentenário sobre segurança, adotado em outubro de 2021, “é uma peça-chave”, disse ele em comentários à imprensa antes de uma reunião a portas fechadas.
No México, “pela primeira vez em anos, temos uma redução na taxa de homicídios de mais ou menos 9,2%”, o que foi favorecido pela apreensão de 32 mil armas, explicou.
"Essas 32.000 armas significam 17 milhões de cartuchos e cada cartucho pode matar alguém no México", apontou.
Entre as conquistas, o chanceler destacou a apreensão de cinco toneladas de substâncias e precursores químicos, incluindo fentanil, 154 toneladas de metanfetamina e 94 toneladas de cocaína.
"É quase como se déssemos uma dose de metanfetamina para cada pessoa no México com mais de 50 anos", disse ele.
Os Estados Unidos também estão satisfeitos com o progresso, mas acreditam que "ainda há muito trabalho a ser feito", nas palavras do secretário de Estado, Antony Blinken.
"Precisamos melhorar nossos esforços para interromper a produção e o tráfico ilícitos de fentanil e opioides sintéticos", porque cerca de 108.000 pessoas morreram nos Estados Unidos por overdose no ano passado, acrescentou.
O chefe da diplomacia também defende a otimização do combate ao tráfico ilícito de armas, pois no ano passado houve mais de 33 mil mortes em homicídios no México.
A reunião de alto nível é realizada algumas horas depois que os Estados Unidos e o México anunciaram que haviam acordado um novo programa de migração para venezuelanos em meio a uma grande crise na fronteira comum devido à chegada de uma enxurrada de migrantes.
Sob esse pacto, os Estados Unidos aceitam a entrada de até 24.000 migrantes venezuelanos por avião, por meio de uma rota legal semelhante à aplicada aos ucranianos, e expulsarão aqueles que entrarem ilegalmente por sua fronteira sul.
O combate às organizações criminosas que traficam migrantes é uma das questões que serão abordadas nesta quinta-feira.
O diálogo de alto nível se dá com duas controvérsias substantivas: a reforma que prolonga a participação do Exército em tarefas de segurança no México e o recente ataque cibernético à Secretaria de Defesa Nacional (Sedena) por uma organização que se autodenomina Guacamaya.
Em entrevista coletiva virtual horas antes do Diálogo de Alto Nível, o subsecretário interino americano para Assuntos do Hemisfério Ocidental, Ricardo Zúñiga, afirmou que os Estados Unidos estão preocupados com o ataque contra a Sedena, por possível impacto na segurança do pessoal ou operações contra o crime organizado.
Ele esclareceu, porém, é algo que pode acontecer "a todos os governos".
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