Os chefes de diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken (esq.), e da China, Wang Yi (dir.) (AFP/AFP)
AFP
Publicado em 14 de novembro de 2021 às 08h23.
Última atualização em 14 de novembro de 2021 às 08h25.
O governo dos Estados Unidos advertiu a China a respeito da pressão que exerce sobre Taiwan, informou o Departamento de Estado, no momento em que as duas potências se preparam para uma reunião de cúpula.
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, conversou com o ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Yi, e "expressou a preocupação com a contínua pressão militar, diplomática e econômica da República Popular da China contra Taiwan", afirmou o Departamento de Estado em um comunicado.
O presidente americano, Joe Biden, e seu colega chinês, Xi Jinping, devem celebrar uma reunião virtual na segunda-feira, horário de Washington.
Blinken e Wang conversaram na sexta-feira para discutir os preparativos da reunião. O Departamento de Estado informou que o chefe da diplomacia americana "pediu a Pequim um diálogo significativo para resolver os problemas (...) de maneira pacífica e coerente com os desejo e os interesses do povo de Taiwan".
Por sua vez, Wang advertiu para os perigos das ações americanas que poderiam ser vistas como um apoio à "independência de Taiwan".
"Qualquer conivência e apoio para as forças de 'independência de Taiwan' prejudica a paz no Estreito de Taiwan e, no final, será contraproducente", disse Wang a Blinken, segundo o governo chinês.
As relações entre as duas maiores economias do mundo passam por um momento grave, em parte por Taiwan, uma democracia autônoma reivindicada por Pequim.
No mês passado, o exército da China executou um número recorde de incursões na zona de defesa aérea da ilha.
Washington expressou de maneira reiterada o apoio a Taiwan contra o que descreveu como agressão chinesa.
O Departamento de Estado afirmou que a reunião entre os presidentes na segunda-feira "representa uma oportunidade para que os dois líderes discutam como administrar de maneira responsável a concorrência entre Estados Unidos e a República Popular da China, enquanto trabalham juntos em áreas nas quais os interesses estão alinhados".
Os presidentes já conversaram por telefone duas vezes desde que Biden chegou à Casa Branca em janeiro.
Ambos se reuniram quando Biden era vice-presidente de Barack Obama e Xi era vice-presidente de Hu Jintao.
O chefe de Estado americano tinha a intenção de se encontrar com o colega chinês durante a recente reunião de cúpula do G20 em Roma, mas Xi não viaja para o exterior desde o início da pandemia de covid-19.
"Afirmei repetidamente, nos últimos 10 meses, que a relação com a China é uma das mais importantes e também mais complexas que temos", disse Blinken na sexta-feira.
"Tem elementos diferentes: alguns cooperativos, outros competitivos e outros adversos, e vamos administrar os três ao mesmo tempo", declarou.
Biden mantém em grande medida a postura do antecessor, o republicano Donald Trump, sobre Pequim. Os dois governos consideram que uma China em ascensão é o principal desafio do século XXI para os Estados Unidos.
Na quinta-feira, Xi advertiu contra o retorno das divisões da época da Guerra Fria durante um discurso em uma conferência empresarial paralela ao encontro do fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC).
"As tentativas de traçar linhas ideológicas ou formar pequenos círculos por motivos geopolíticos estão destinados a fracassar", disse o presidente chinês.