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EUA e Alemanha estão muito distantes sobre NSA, diz Merkel

Líder disse que ninguém duvida que agências de inteligência nacionais e estrangeiras aliadas ajudaram a proteger o povo alemão do terrorismo e do crime


	Angela Merkel: "será certo que não se trate só de se defender de ameaças terroristas, mas também de obter vantagens sobre seus aliados, por exemplo, em negociações nas cúpulas do G20 ou em sessões da ONU?"
 (Laurent Dubrule/Reuters)

Angela Merkel: "será certo que não se trate só de se defender de ameaças terroristas, mas também de obter vantagens sobre seus aliados, por exemplo, em negociações nas cúpulas do G20 ou em sessões da ONU?" (Laurent Dubrule/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 29 de janeiro de 2014 às 13h30.

Berlim - Os governos de Berlim e Washington ainda estão "muito distantes" em suas visões sobre o monitoramento em massa da Alemanha feito pela Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA, na sigla em inglês), disse a chanceler alemã, Angela Merkel, ao Parlamento nesta quarta-feira.

No primeiro grande discurso de seu terceiro mandato, a líder conservadora disse que ninguém duvida que agências de inteligência nacionais e estrangeiras aliadas ajudaram a proteger o povo alemão do terrorismo e do crime.

"Mas isso torna certo que nossos aliados mais próximos, como os Estados Unidos ou a Grã-Bretanha, acessem todos os dados imagináveis, argumentando que isso ajuda sua própria segurança e a de seus parceiros?", disse ela perto do final de sua fala de uma hora ao Bundestag.

"Será certo que não se trate só de se defender de ameaças terroristas, mas também de obter vantagens sobre seus aliados, por exemplo, em negociações nas cúpulas do G20 ou em sessões da ONU?", questionou.

"Nossa resposta só pode ser: não, não pode estar certo".

Merkel alertou que ceder à tentação de "fazer tudo o que é tecnicamente factível" levou à desconfiança entre aliados, o que acabaria minando sua segurança mútua.

"Hoje nossas visões estão muito distantes", afirmou Merkel, que falou com o presidente dos EUA, Barack Obama, sobre as revelações de Edward Snowden, ex-técnico da NSA, a respeito da vigilância feita por norte-americanos e britânicos sobre seus aliados.


No início do mês, Obama declarou à TV alemã que a amizade estreita dos dois países não deve ser prejudicada "por medidas de vigilância que obstruam nossa comunicação de confiança".

"Enquanto eu for presidente dos Estados Unidos, a chanceler alemã não precisa se preocupar com isso", disse Obama, um dia após anunciar reformas no sistema de segurança dos EUA que proíbem espionar líderes políticos aliados como a líder alemã.

A NSA deve estar na pauta da reunião de Merkel com o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, em Berlim, nesta sexta-feira.

As primeiras revelações de Snowden, em junho, causaram indignação na Alemanha, especialmente sensível à vigilância depois dos abusos da Gestapo com os nazistas e da Stasi na ex-Alemanha Oriental comunista durante a Guerra Fria.

Relatos de que a NSA monitorou até mesmo o celular de Merkel aumentaram a revolta na Alemanha, que pressionou --até agora em vão-- por um acordo de "não espionagem" com os Estados Unidos.

No domingo, Snowden afirmou à TV alemã que a NSA também espionou a indústria alemã, como a empresa de engenharia Siemens. Ele pediu asilo à Rússia, mas se ofereceu para ir a Berlim para ajudar numa investigação do Parlamento sobre atividades da NSA.

Merkel disse que não ajuda ligar os problemas com a NSA às conversas entre Washington e a União Europeia sobre uma área de livre comércio transatlântica, acrescentando que não há outra "alavanca" que a UE possa usar contra os norte-americanos além da "força de seus argumentos" contra a espionagem.

"Milhões de pessoas que vivem em países sem democracia hoje estão observando atentamente como o mundo democrático reage a ameaças de segurança", disse Merkel, acrescentando que, apesar de suas diferenças, "a Alemanha não pode desejar melhor parceiro que os Estados Unidos".

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