Síria: ofensiva do Exército em Ghouta Oriental, auxiliada por ataques aéreos e de artilharia, matou cerca de 1.160 pessoas desde 18 de fevereiro (Bassam Khabieh/File Photo/Reuters)
Reuters
Publicado em 12 de março de 2018 às 17h40.
Nações Unidas/Amã - A embaixadora dos Estados Unidos na Organização das Nações Unidas (ONU), Nikki Haley, alertou nesta segunda-feira que Washington "continua pronta para agir se precisarmos" se o Conselho de Segurança da ONU se omitir sobre a Síria, cujo ataque militar a Ghouta Oriental continua sem descanso.
Os EUA pediram ao Conselho de Segurança que exija um cessar-fogo imediato de 30 dias em Damasco e em Ghouta Oriental, região do leste dominada por rebeldes onde as forças do presidente sírio, Bashar al-Assad, apoiadas pela Rússia e pelo Irã, dizem estar visando grupos "terroristas" que estão bombardeando a capital.
A ofensiva do Exército em Ghouta Oriental, auxiliada por ataques aéreos e de artilharia, matou cerca de 1.160 pessoas desde 18 de fevereiro, disse o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, um grupo de monitoramento da guerra, num momento em que Assad está tentando esmagar o último grande bastião rebelde perto da capital Damasco.
"Não é o caminho que preferimos, mas é um caminho que demonstramos que seguiremos, e estamos preparados para seguir novamente", disse Haley ao conselho de 15 membros. "Quando a comunidade internacional deixa de agir continuamente, há ocasiões em que Estados são compelidos a agir por conta própria".
Os EUA bombardearam uma base aérea do governo sírio no ano passado em represália a um suposto ataque fatal com armas químicas.
O Conselho de Segurança exigiu uma trégua de 30 dias em toda a Síria em uma resolução aprovada por unanimidade no dia 24 de fevereiro.
Moscou e Damasco dizem que o cessar-fogo exigido não protege os combatentes em Ghouta Oriental, argumentando que são membros de grupos terroristas proscritos.
"Não houve uma cessação das hostilidades", afirmou o secretário-geral da ONU, António Guterres, nesta segunda-feira. "A violência continua em Ghouta Oriental e além - inclusive em Afrin, partes de Idlib e dentro de Damasco e seus subúrbios".
"Nenhum cerco foi suspenso... até onde sabemos, nem sequer uma pessoa criticamente doente ou ferida já foi retirada".
O enviado russo na ONU, Vassily Nebenzia, disse que alguns países estão acusando o governo sírio de realizar ataques com armas químicas na tentativa de "preparar o terreno para o uso unilateral da força contra a Síria soberana".
O ataque a Ghouta Oriental é um dos mais violentos já testemunhados na guerra, que entrou em seu oitavo ano nesta semana.
O Observatório disse nesta segunda-feira que o saldo de mortos da guerra civil já ultrapassou meio milhão de pessoas - cerca de 85 por cento delas mortas por forças do governo e seus aliados.
(Reportagem adicional de um repórter em Ghouta Oriental)