Vacinas: segundo os Estados Unidos, a China organizou um ataque cibernético para ter dados da vacina contra a covid-19 (Dado Ruvic/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 22 de julho de 2020 às 07h30.
Última atualização em 22 de julho de 2020 às 07h46.
Nesta terça, 21, o Departamento de Justiça dos EUA acusou dois hackers chineses de lançarem ciberataques contra empresas de 11 países para tentar roubar dados da vacina contra o coronavírus e tecnologia militar. Eles estariam atuando para o serviço de inteligência da China como parte de uma longa campanha de roubo cibernético.
O foco dos hackers - identificados como Li Xiaoyu, de 34 anos, e Dong Jiazhi, 33 de anos - envolve uma gama variada de indústrias de companhias da área de defesa a fabricantes de energia solar. O Departamento de Justiça disse que os suspeitos, às vezes, trabalhavam para os serviços de espionagem da China, mas em outras ocasiões agiam para enriquecimento próprio.
Uma acusação contra eles, no início deste mês, foi a primeira ação para tentar debelar a ameaça. Segundo promotores americanos os dois hackers recebiam ajuda de um agente do Ministério da Segurança da China. Autoridades do governo americano informaram que, a pedido do serviço de espionagem chinês, os dois mudaram de foco, este ano, para tentar obter pesquisas sobre vacinas e outras informações sobre a pandemia.
Não houve indícios imediatos de que os dois hacker conseguiram obter alguma informação válida sobre as vacinas que estão sendo criadas, apesar de seus esforços para espionar as empresas que estão desenvolvendo o produto.
Um dos promotores disse que a rede de informática de uma empresa de biotecnologia de Massachusetts, conhecida por investigar uma possível vacina contra o novo coronavírus foi alvo de espionagem dos dois chineses - o nome não mencionado, mas acredita-se que seja o laboratório Moderna.
Eles também buscaram vulnerabilidades na rede de uma empresa em Maryland, menos de uma semana depois de ela anunciar que estava realizando um trabalho científico similar.
Xiaoyu e Jiazhi também são acusados de lançarem ataques contra ativistas dos direitos humanos nos EUA, na China e em Hong Kong, disse o assistente do el assistente do Departamento d Justiça, John Demers. De acordo com ele, os hackers estariam na China, fora do alcance da polícia americana.
"A China entrou, ao lado de Rússia, Irã e Coreia do Norte, nesse vergonhoso clube de nações que dá abrigo a hackers em troca de trabalho em benefício do Estado. Neste caso, para alimentar a fome insaciável do Partido Comunista chinês pela propriedade intelectual obtida com esforço pelas companhias americanas e de outros países, incluindo a investigação sobre a covid-19", disse Demers.
Segundo os americanos, os acusados se conheceram quando estudavam engenharia na China e começaram a atuar em 2009. Desde então, roubaram segredos comerciais e de propriedade intelectual avaliados em centenas de milhões de dólares, mas nunca chegaram a ser presos. Nesse período, os hackers atacaram pelo menos 13 empresas nos EUA e 12 companhias em outros 10 países: Austrália, Bélgica, Alemanha, Japão, Lituânia, Países Baixos, Coreia do Sul Espanha, Suécia e Reino Unido.
Os acusados atacaram organizações de todo tipo e roubaram informações sobre programas militares para proteger satélites, sistemas laser d grande potência e até um programa que buscava melhorar a integração entre helicópteros e navios de assalto anfíbios.
A acusação surge no momento em que o governo do presidente americano, Donald Trump, intensifica suas críticas a Pequim - tanto pelo roubo de segredos quanto por não conter a propagação da pandemia do coronavírus, e consolida uma escalada significativa na deterioração das relações entre os dois países.
Nesta terça, 21, em tom beligerante, o secretário de Defesa dos EUA, Mark Esper, disse que a China apresenta um "catálogo de má conduta" em sua relação com os vizinhos, e os EUA precisam estar prontos para derrotá-la militarmente no Pacífico. A avaliação foi feita durante um seminário online do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.