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EUA denunciam recorde de detenções arbitrárias em Cuba

"A sociedade civil (de Cuba) contabilizou o número mais alto de detenções arbitrárias, de curto prazo, nos últimos cinco anos, com quase 9.000", diz documento


	O presidente cubano Raúl Castro: o relatório cita entre os principais abusos aos direitos humanos em Cuba a "redução da capacidade dos cidadãos de mudar o governo"
 (Federico Parra/AFP)

O presidente cubano Raúl Castro: o relatório cita entre os principais abusos aos direitos humanos em Cuba a "redução da capacidade dos cidadãos de mudar o governo" (Federico Parra/AFP)

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Da Redação

Publicado em 25 de junho de 2015 às 16h53.

Washington - Os Estados Unidos denunciaram nesta quinta-feira que Cuba registrou no ano passado quase 9.000 detenções "arbitrárias e de curto prazo", o número mais alto nos últimos cinco anos, e persistiu em seu "intimidação" à dissidência pacífica e restrição da liberdade de imprensa.

Em seu relatório anual sobre os direitos humanos no mundo, enviado hoje ao Congresso, o Departamento de Estado americano voltou a incluir Cuba em sua lista de países do mundo que registram as violações mais graves das liberdades fundamentais, apesar do momento de aproximação entre os dois governos.

"A sociedade civil (de Cuba) contabilizou o número mais alto de detenções arbitrárias, de curto prazo, nos últimos cinco anos, com quase 9.000", indica o documento.

"Segundo os relatórios, o governo cubano usou ameaças, ataques físicos, intimidação, contramanifestações violentas organizadas pelo governo contra a dissidência pacífica, assédio e detenções para restringir os direitos de expressão e assembleia", acrescenta.

Embora o relatório examine todo o ano de 2014 e o anúncio da normalização das relações entre EUA e Cuba não tenha acontecido até dezembro do ano passado, o Departamento de Estado assinala alguns passos que o governo cubano deu desde que aconteceu a mudança de política bilateral e que poderiam representar avanços.

Em primeiro lugar, cita a libertação no início deste ano de "53 indivíduos" que os Estados Unidos e "outros na comunidade internacional consideramos prisioneiros políticos", e um sinal do governo cubano que tem "vontade de permitir um maior acesso da ONU e do Comitê Internacional da Cruz Vermelha".

Além disso, destaca que no final do ano passado o governo cubano aceitou "considerar um aumento do investimento em telecomunicações na ilha, o que abre a possibilidade de um maior acesso à internet no futuro".

No entanto, ao longo de 2014, "o governo seguiu bloqueando o acesso de seus cidadãos a informação sem censura e independente, restringindo de forma grave a disponibilidade da internet, e bloqueando certos blogs e sites".

As denúncias dos EUA sobre a situação de direitos humanos em Cuba se transformaram no ponto mais tenso na negociação para normalizar as relações diplomáticas, rompidas desde 1961.

A expectativa é que ambos governos anunciem nas próximas semanas a abertura de embaixadas nas respectivas capitais, mas ficará pela frente um processo mais longo de normalização completa dos laços que inclui um diálogo específico sobre o tema de direitos humanos, iniciado em março em Washington.

"Relacionar-nos com Cuba não é o mesmo que respaldá-la, isso deveria estar claro", disse hoje a jornalistas o secretário de Estado adjunto dos EUA para Direitos Humanos, Tom Malinowski.

"A situação tem que melhorar muito (na ilha), mas (com a normalização) eliminamos a capacidade dos cubanos de eximir-se dizendo que a culpa de seus problemas era dos EUA", acrescentou.

O relatório divulgado hoje cita entre os principais abusos aos direitos humanos em Cuba a "redução da capacidade dos cidadãos de mudar o governo", o "uso de ataques físicos extrajudiciários e intimidação" contra os dissidentes, as "duras condições nas prisões" e a "negação de julgamentos justos".

"O governo manteve um monopólio nos meios de comunicação, circunscreveu a liberdade acadêmica e manteve certas restrições na capacidade de grupos religiosos de reunir-se", acrescentou.

Além disso, segundo os EUA, o Executivo de Raúl Castro "se negou a reconhecer grupos de direitos humanos independentes" para que operem legalmente na ilha, e persistiu no país caribenho uma "impunidade generalizada" para os funcionários responsáveis de abusos.

A crescente "brutalidade" de grupos islamitas como Estado Islâmico (EI) e Boko Haram foi outra das tendências mais preocupantes para os direitos humanos no mundo em 2014, segundo o relatório anual americano.

Além disso, o Departamento de Estado dos EUA denuncia que o sistema político da Rússia é "cada vez mais autoritário" e condena a "repressão" de opositores na China e na Venezuela e a "grave restrição dos direitos humanos" no Irã.

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