Usaid: cortes na agência afetam assistência humanitária global (Chip Somodevilla/Getty Images North America/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 24 de fevereiro de 2025 às 13h46.
A Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) demitiu cerca de 2 mil funcionários e colocou a maioria dos remanescentes em licença administrativa remunerada. O aviso foi enviado por e-mail na noite de domingo, dois dias após um juiz distrital de Washington aprovar a medida.
A decisão faz parte da ofensiva do presidente Donald Trump para reduzir drasticamente a ajuda externa dos EUA. “Todo o pessoal contratado diretamente pela Usaid, com exceção daqueles responsáveis por funções críticas, será colocado em licença administrativa globalmente”, dizia o e-mail, enviado às 14h42 (16h42 em Brasília).
A licença entrou em vigor às 23h59 de domingo (1h59 de segunda-feira em Brasília), e a redução de força afetará 2 mil funcionários baseados nos Estados Unidos, segundo o comunicado.
Desde o final de janeiro, Pete Marocco, nomeado político do Departamento de Estado e figura polêmica no primeiro governo Trump, tem liderado o desmantelamento da Usaid. Ele trabalha ao lado de Elon Musk, bilionário e conselheiro do presidente, que já divulgou teorias conspiratórias sobre a agência.
No início de fevereiro, o Secretário de Estado Marco Rubio foi nomeado administrador interino da Usaid e designou Marocco como seu vice. Na semana passada, a agência demitiu 400 prestadores de serviço que atuavam em assistência humanitária urgente, o que gerou preocupações internas sobre o futuro dos programas.
A promessa de Rubio era manter a ajuda humanitária essencial, mas os pagamentos foram interrompidos, impedindo a continuidade de projetos. Ele anunciou que parte da assistência externa será reavaliada em um processo de 90 dias, mas não esclareceu os critérios dessa revisão.
Criada em 1961, durante a Guerra Fria, a Usaid coordena a distribuição de recursos humanitários dos EUA em crises globais. Em 2023, a agência destinou US$ 40 bilhões (R$ 235 bilhões) a 130 países, incluindo Ucrânia, Etiópia, Jordânia e Somália.
Os projetos incluem:
Treinamento de profissionais de saúde em Ruanda.
Desde os anos 1990, a saúde foi prioridade da Usaid, com forte investimento no combate ao HIV e, mais recentemente, no enfrentamento da Covid-19. Em 2022, a assistência humanitária superou os gastos com saúde, impulsionada pelo apoio à Ucrânia.
Aliados de Trump criticam a agência, chamando-a de corrupta e ineficiente. Desde sua posse, o republicano prometeu cortar gastos e reduzir a atuação internacional dos EUA, seguindo a política “America First”.
Entre os principais defensores dessa redução está Elon Musk, que apoia um corte de US$ 2 trilhões nos gastos federais. A Casa Branca também prometeu uma revisão completa dos programas de assistência externa, alinhando-os aos interesses dos EUA.
A decisão de Trump levanta dúvidas sobre o futuro da diplomacia humanitária americana, especialmente em países em crise, que dependem dos fundos da Usaid para assistência básica e estabilidade política.