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EUA criticam recusa da Índia em assinar acordo da OMC

Secretário de Estado norte-americano disse que a recusa da Índia em negociar um acordo comercial global passou uma mensagem errada


	Sede da OMC: pacto acrescentaria 1 trilhão de dólares e 21 milhões de empregos à economia global
 (Fabrice Coffrini/AFP)

Sede da OMC: pacto acrescentaria 1 trilhão de dólares e 21 milhões de empregos à economia global (Fabrice Coffrini/AFP)

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Da Redação

Publicado em 1 de agosto de 2014 às 10h49.

Nova Délhi/Sydney - O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, disse ao primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, que a recusa da Índia em negociar um acordo comercial global passou uma mensagem errada, e pediu que o governo de Nova Délhi trabalhe para resolver a disputa o mais rapidamente possível.

Um acordo da Organização Mundial do Comércio (OMC) para facilitar regras alfandegárias em todo o mundo entrou em colapso na quinta-feira devido a demandas da Índia por concessões em estoques agrícolas. “O fracasso em assinar o Acordo de Facilitação Comercial passou um sinal confuso e afetou a própria imagem que o primeiro-ministro Modi está tentando mostrar sobre a Índia”, disse um assessor do Departamento de Estado dos EUA a jornalistas após a reunião com Modi.

Kerry esteve em Nova Délhi como parte de um diálogo estratégico anual para revitalizar os laços entre EUA e Índia e preparar uma visita de Modi a Washington em dezembro.

O assessor disse que a reunião foi “forte e positiva” apesar da ruptura nas conversas comerciais em Genebra. Diversos Estados-membros da OMC expressaram frustração após as demandas da Índia terem levado ao colapso do primeiro grande pacto de reforma comercial global em duas décadas.

Ministros de países da OMC já haviam concordado com a reforma dos procedimentos alfandegários, conhecida como “facilitação comercial”, em Bali, na Indonésia, em dezembro último, mas não foram capazes de superar as objeções de última hora da Índia de colocar a regra no guia da OMC até o prazo final de 31 de julho.

“Não fomos capazes de encontrar uma solução que nos permitisse superar essa lacuna”, disse o diretor-geral da OMC, o brasileiro Roberto Azevedo, a diplomatas em Genebra, apenas duas horas antes do prazo final. A maioria dos diplomatas esperava que o pacto fosse cravado nesta semana, marcando um raro sucesso de negociações comerciais nos 19 anos de história da OMC.

O pacto, de acordo com algumas estimativas, acrescentaria 1 trilhão de dólares e 21 milhões de empregos à economia global. Os diplomatas ficaram perplexos quando a Índia revelou seu veto e o fracasso de última hora gerou fortes críticas, assim como comentários sobre o fracasso da organização e do sistema multilateral que ela prega. “A Austrália está profundamente decepcionada de que não foi possível cumprir o prazo.

Este fracasso é um grande golpe à confiança revivida em Bali de que a OMC possa entregar os resultados negociados”, disse o ministro australiano do Comércio, Andrew Robb, nesta sexta-feira. “Não há vencedores com este resultado." Kerry manteve a esperança de que havia um jeito de tratar das preocupações da Índia sobre seu programa de segurança alimentar, assim como avançar na liberalização comercial global.

A Índia insistiu que, em troca da assinatura do acordo de facilitação, ela deve ver mais progresso em um pacto paralelo que dá a ela mais liberdade para subsidiar e fazer estoque de alimentos em grãos, mais do que as regras da OMC permitem.

Alguns países, como EUA, Austrália, Japão, Noruega e membros da União Europeia já discutiram um plano para excluir a Índia do acordo de facilitação e pressionar um resultado que exclui os indianos.

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