Victoria Nuland: "Realizar eleições rotineiras para um Parlamento sem questionamento algum, no meio do tipo de violência que estamos vendo no país, é ridículo" (Massoud Hossaini/AFP)
Da Redação
Publicado em 13 de março de 2012 às 20h17.
Washington - O Departamento de Estado dos Estados Unidos classificou nesta terça-feira como 'ridículo' o anúncio do governo da Síria de realizar eleições legislativas em maio, e exigiu das autoridades de Damasco que detenham a repressão para começar um diálogo político.
'Realizar eleições rotineiras para um Parlamento sem questionamento algum, no meio do tipo de violência que estamos vendo no país, é ridículo', afirmou Victoria Nuland, porta-voz do Departamento de Estado durante sua entrevista coletiva diária.
A funcionária americana reiterou a necessidade de que Damasco 'detenha' a violência como 'um primeiro passo'.
Nuland afirmou que a secretária de Estado, Hillary Clinton, mantém contato diário com Kofi Annan, ex-secretário-geral das Nações Unidas e enviado especial da ONU e da Liga Árabe para a Síria, que se reuniu este fim de semana com o líder sírio, Bashar al Assad.
'Esperamos a resposta formal por parte das autoridades sírias às propostas de Kofi Annan', acrescentou.
No entanto, Nuland não ocultou seu ceticismo ao dizer que os Estados Unidos tinham recebido informações de que o regime sírio 'está plantando minas terrestres em algumas das rotas de escape que os refugiados estão utilizando para fugir da violência e se abrigar em países vizinhos como a Turquia e o Líbano'.
'O tema número um é deter a violência. Se conseguirmos fazer por um dia, uma semana, um mês, podemos começar com o próximo passo que é obviamente a urgente provisão de ajuda humanitária, mas também oferecer espaço para um diálogo político que leve a um processo de transição real', acrescentou.
Por outro lado, a porta-voz americana rejeitou a proposta da Rússia encaminhada a convencer Damasco a permitir observadores internacionais, se acabar a violência tanto por parte do regime sírio quanto pelos insurgentes.
'Nós rejeitamos qualquer equivalência entre os assassinatos premeditados da maquinaria militar governamental e as ações dos civis que estão sob assédio e se defendendo', disse Nuland.
Enquanto a pressão diplomática aumenta, nesta terça-feira continuou a violência na Síria com pelo menos 36 pessoas mortas, a maioria em Homs, Idleb e na periferia de Damasco, segundo um grupo opositor sírio.
Mais de 7.500 pessoas, muitas delas mulheres e crianças, morreram na Síria desde o início das revoltas contra o regime de Bashar al Assad, em março de 2011, segundo a ONU, cujo esforço mediador não conseguiu, até o momento, deter a espiral de violência no país.