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EUA condenam inspeção de sedes de ONGs no Egito

Governo egípcio, formado por militares, apreendeu materiais de várias organizações de direitos humanos

Em diferentes relatórios, muitas organizações do país alertaram sobre o retrocesso dos direitos humanos nos últimos meses (John Moore/Getty Images)

Em diferentes relatórios, muitas organizações do país alertaram sobre o retrocesso dos direitos humanos nos últimos meses (John Moore/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 29 de dezembro de 2011 às 22h45.

Washington - O governo dos Estados Unidos se mostrou 'profundamente preocupado' pela inspeção das sedes de várias organizações de direitos humanos, duas delas americanas, por parte da Procuradoria do Egito e exigiu a devolução dos materiais apreendidos.

'Esta ação é inconsistente com a cooperação bilateral que tivemos durante muitos anos', advertiu nesta quinta-feira a porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Victoria Nuland, em sua entrevista coletiva diária.

'Exigimos ao governo do Egito que acabe imediatamente com o assédio às ONGs e seu pessoal, devolva todos seus pertences e resolva este assunto imediatamente', acrescentou.

De acordo com uma ordem judicial, a Procuradoria inspecionou um total de 17 sedes de organizações civis egípcias e estrangeiras na busca por documentos que confirmem seu financiamento estrangeiro.

Entre as organizações investigadas estavam duas americanas, o Instituto Nacional Democrático e o Instituto Internacional Republicano, que expressaram a Washington suas 'preocupações por seu pessoal, suas propriedades e sua capacidade para seguir trabalhando', comentou Nuland.

A embaixadora dos Estados Unidos no Cairo, Anne Patterson, conversou hoje sobre o assunto com o primeiro-ministro egípcio, Kamal Ganzouri, a quem pediu 'atenção imediata' a suas preocupações, informou a porta-voz.

Além disso, o secretário de Estado adjunto para o Oriente Médio, Jeffrey Feltman, entrou em contato com o embaixador egípcio em Washington, Sameh Shoukry.

Na operação, os representantes do Ministério Público apreenderam documentação e equipamentos técnicos suscetíveis de terem sido utilizados para a realização de delitos.

A Procuradoria destacou que há 'provas sérias' que essas organizações praticaram atividades que violam a lei egípcia que regula seu funcionamento e que proíbe, entre outras coisas, a captação de fundos estrangeiros.


Além disso, nenhuma delas tinha autorização dos ministérios de Exteriores ou de Solidariedade Social para abrir filiais no país, segundo um comunicado dos juízes responsáveis pela investigação.

Victoria Nuland ressaltou que as ONGs respaldadas com fundos dos EUA 'estão ali para apoiar o processo democrático' e que Washington foi 'muito aberto e transparente com as autoridades egípcias em todos os níveis, especialmente em relação aos procedimentos e políticas' das organizações que apoia.

Em diferentes relatórios, muitas organizações do país alertaram sobre o retrocesso dos direitos humanos nos últimos meses e, em outubro, 36 ONGs egípcias denunciaram uma campanha das autoridades para desprestigiá-las sob o argumento que recebem financiamento estrangeiro.

Além disso, estes grupos se queixaram que também são acusados de atentar contra a segurança nacional como pretexto para desacreditá-las, bloquear suas atividades e evitar suas críticas.

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